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FMI vê economia portuguesa a contrair 8% em 2020 e desemprego a duplicar para 14%

O PIB de Portugal deverá encolher 8% em 2020 para depois crescer 5% em 2021 e recuperar parcialmente da recessão deste ano, projeta o Fundo Monetário Internacional. Já a taxa de desemprego deverá mais do que duplicar dos 6,5% com que encerrou 2019 para 13,9% no final do ano em curso.

Mário Cruz
14 de Abril de 2020 às 13:30
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) tomou a dianteira como uma das instituição a estimar um cenário mais gravoso para a economia portuguesa em 2020.

Na projeção atualizada no World Economic Outlook divulgada esta terça-feira, 14 de abril, o Fundo projeta que o produto interno bruto português encolha 8% no ano em curso e estima que, em 2021, a economia nacional retome o caminho do crescimento com uma expansão de 5% que, a confirmar-se, permitirá ao país recuperar parte da quebra estimada para este ano.

Segundo o relatório da instituição liderada por Kristalina Georgieva, a taxa de desemprego irá mais do que duplicar face aos 6,5% registados no final de 2019 para 13,9% em 2020 antes de recuar para 8,7%, no final de 2021. Já a taxa de inflação deverá ser negativa neste ano (-0,2%) antes de avançar 1,4% em 2021.


O impacto da crise sanitária previsto pelo Fundo para a economia espanhola em 2020 é igual ao previsto para Portugal – uma recessão de 8% -, contudo a capacidade de recuperação de Espanha será menor, já que a entidade sediada em Washington prevê um crescimento de apenas 4,3% em 2021.

O desemprego em Espanha deverá voltar a superar os 20% em 2020 (20,8%), uma subida próxima de sete pontos percentuais face aos14,1% observados no final do ano passado. Em 2021, o mercado laboral espanhol deve melhorar com uma descida do desemprego para 17,5%.

Isto significa que, no que a Portugal e Espanha diz respeito, as economias da Península Ibérica não serão capazes de, em 2021, compensar totalmente as perdas que serão registadas no presente ano.

Entre todas as economias da Zona Euro, o FMI só avança com projeções mais pessimistas para quatro países: a Itália, Grécia, Letónia e Lituânia.



Para um países-membro da União Europeia que compete no "campeonato" de Portugal como a Roménia, o FMI projeta uma recessão de 5% em 2020 seguida de um crescimento de 3,9% em 2021. Nestes anos, o desemprego será de 10,1% e 6% comparativamente com a taxa de 3,9% verificada em 2019.
Para o conjunto das 19 economias que integram a moeda única europeia, o Fundo antevê que o produto acumulado encolha 7,5% neste ano e que cresça 4,7% no próximo. Já a taxa de desemprego na Zona Euro deve passar dos 7,6% com que chegou ao fim 2019 para 10,4%, em 2020, e para 8,9%, em 2021.

Na atualização do World Economic Outlook feita em janeiro, quando a propagação do novo coronavírus praticamente não se fazia ainda sentir na Europa ou nos Estados Unidos, a instituição liderada pela romena Giorgieva antecipava que as economias do euro crescessem 2% em 2020 e 7,7% no próximo ano.

A economista-chefe do Fundo, Gita Gopinath, escreve que é "muito provável que neste ano a economia global viva a pior recessão desde a Grande Depressão".

O FMI projeta uma "recuperação parcial em 2021" das perdas que serão acumuladas em 2020, porém admite que o panorama previsto para o próximo ano poderá piorar se se confirmarem alguns dos pressupostos elencados: se as medidas de contenção se prolongarem; se as economias em desenvolvimento forem mais severamente atingidas; se as condições de financiamento forem ainda mais restritivas; ou ainda se a confiança se deteriorar ainda mais em resultado do progressivo encerramento de empresas e aumento da destruição de postos de trabalho.

Portugal tem no FMI uma das entidades mais pessimistas
Ao estimar uma contração de 8% para o produto português em 2020, o FMI colocou-se entre as entidades mais pessimistas quanto ao impacto económico do surto da Covid-19 em Portugal.

Com efeito, iguala o polo mais negativo dos cenários apresentados quer pelo Grupo de Análise Económica do ISEG, quer pelo Fórum para a Competitividade, que para 2020 apontam para uma quebra do PIB situada entre 4% e 8%.

De acordo com um apanhado de projeções feito pela Lusa, até aqui a entidade mais pessimista é o Núcleo de Estudos (NECEP) da Universidade Católica, que tem como cenário mais adverso uma contração de 20%.

Nota ainda para o pior cenário projetado pelo Banco de Portugal, o qual aponta para uma quebra da economia lusa de 5,7% do PIB.
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