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EY: Economia portuguesa vai crescer 0,9% este ano sustentada nas exportações
A consultora considera que o caso BES poderá representar um risco para os 4% de meta para este ano. "Apesar de parecer que a operação do BES vai ser neutra para o Orçamento, ainda não é claro se vai representar custos para o Governo".
As exportações vão ser o principal motor da economia nacional este ano, e não o consumo interno. A estimativa é da consultora Ernst Young (EY) que estima que Portugal venha a crescer 0,9% este ano - com o Governo a prever 1% - e 1,4% no próximo.
Após uma quebra do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre, Portugal voltou a crescer no segundo trimestre e esta tendência deverá manter-se nos próximos meses.
A contribuir para isto estão as exportações - que após o abrandamento no primeiro trimestre, devido à paragem na refinaria de Sines e na Autoeuropa - que recuperaram no segundo trimestre e "deverão recuperar mais fortemente a partir do meio do ano", escreve a consultora EY nas suas previsões económicas para a Zona Euro.
A consultora aponta que enquanto as "exportações líquidas deverão dar um forte contributo para o crescimento", a procura doméstica, por outro lado, vai permanecer "constragida no curto prazo devido à austeridade orçamental, elevado endividamento das empresas e o ainda elevado desemprego, apesar de melhorias modestas no mercado laboral".
A consultora estima que o PIB da Zona Euro deverá crescer 0,9% este ano, com a Alemanha (1,5%) e Espanha (1,3%) a liderarem o crescimento. França vai crescer a um ritmo menos elevado (0,4%) e Itália vai sofrer uma contração (-0,2%).
Um dos "maiores riscos" que Portugal enfrenta actualmente encontra-se no sector da banca, escreve a consultora, e o agravamento da situação poderá ter possíveis impactos para a "confiança dos investidores e financiamento do Estado".
O estado de saúde do sector será atestado com os testes de stress do Banco Central Europeu (BCE) "que vão avaliar se os níveis actuais de provisões cobrem os riscos associados", o que será "um passo importante para o sistema bancário português".
Se o resultado for positivo, "isto pode significar que o pior já passou". Por outro lado,"se houver falta de capital, a confiança no sector bancário pode vir a ser destruída", vaticina a EY.
Apesar do Governo ter aprovado um Orçamento rectificativo, derivado do chumbo de algumas medidas pelo Tribunal Constitucional, a meta do défice de 4% para este ano manteve-se, sem novas medidas de austeridade.
No entanto, a EY sublinha que o caso BES pode vir a representar um risco para o défice. "Apesar de parecer que a operação do BES vai ser neutra para o Orçamento, ainda não é claro se vai representar custos para o Governo".
Desemprego, endividamento das empresa e deflação representam riscos
Sobre o desemprego, a taxa continua ainda em níveis elevados e o crescimento "não deverá ser suficientemente forte para conduzir a um aumento significativo nos ordenados e no emprego", aponta a EY.
A perspectiva é ainda mais negra sobre a taxa de desemprego entre os jovens, com a consultora a considerar que é necessário tomar medidas.
"Se não for abordado pelos decisores políticos, este assunto vai deprimir as perspectivas de crescimento no médio prazo, reduzindo o potencial de crescimento através da baixa produtividade e da contribuição do trabalho para o crescimento", sustenta.
O endividamento da empresas "permanece crítico" com o rácio de dívida sobre o PIB das empresas não financeiras acima dos 150% no primeiro trimestre deste ano, face aos 116% em 2007.
Um dos maiores riscos é a deflação, sublinha a consultora, causado pelo "elevado grau de capacidade disponível na economia, mas também devido a factores como um euro mais forte e preços de energia mais baixos".
"Apesar de esperarmos que Portugal evite entrar numa espiral deflacionária", escreve a EY, a baixa contínua dos preços "permanece um dos maiores riscos - particularmente se a recuperação na Zona Euro perder fôlego".