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Endividamento das famílias e empresas cai pelo quinto ano para mínimo de 2007
As famílias portuguesas e as empresas privadas cumpriram em 2017 o quinto ano consecutivo de alívio no endividamento, que está no nível mais baixo em pelo menos 10 anos. A desalavancagem da economia portuguesa como um todo não é tão acelerada devido ao Estado.
Os dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal mostram que as famílias portuguesas tinham uma dívida conjunta de 141,95 mil milhões de euros no final de 2017, o que corresponde a 73,86% do PIB.
Este valor representa o nível de endividamento mais baixo das famílias portuguesas desde pelo menos 2007 (o primeiro ano para o qual existem dados do Banco de Portugal), quando tido em conta o peso da dívida na economia.
Além disso, 2017 foi o quinto ano consecutivo de descida deste indicador que mede o nível de endividamento das famílias portuguesas. A inversão aconteceu em 2012, quando atingiu 93,87% do PIB, coincidindo com o período mais grave da crise económica. Desde então, a redução foi de 20 pontos percentuais, mostrando como as famílias portuguesas corrigiram o excesso de endividamento que apresentavam antes do pedido de assistência financeira e da chegada da troika.
O pico do endividamento das famílias portuguesas foi atingido em Março de 2009, nos 95,76% do PIB.
Endividamento das empresas desce um terço
Também as empresas apresentavam um alavancagem excessiva antes da chegada da troika e conseguiram, nos últimos anos, corrigir grande parte do problema.
Tal como aconteceu nas famílias, o peso da dívida das empresas no PIB baixou em 2017 pelo quinto ano consecutivo, tendo fixado o valor mais baixo desde pelo menos 2007.
No ano passado atingiu 137,66% do PIB, o que representa uma descida de 3,1 pontos percentuais face a 2016 (140,76% do PIB). Nos quatro anos anteriores, a redução tinha sido mais forte (sempre acima de 6 pontos percentuais por ano).
Face ao máximo de 171,4% do PIB atingido em Março de 2013, a queda do peso do endividamento das empresas no PIB é de 33,38 pontos percentuais, o que corresponde a uma descida de um terço.
Dívida da economia em mínimo de 2011
No que diz respeito ao endividamento total da economia (Estado, empresas e famílias), a tendência também é de redução, embora mais lenta, pois a desalavancagem do sector público foi mais tardia do que no sector privado.
O sector privado não financeiro chegou a Dezembro de 2017 com um endividamento de 718,1 mil milhões de euros, que equivale a 373,67% do PIB. Um nível que corresponde a uma descida de 10 pontos percentuais face a 2016.
Também aqui foi o quinto ano consecutivo de descida, embora o valor esteja apenas em mínimos desde o primeiro trimestre de 2011. Face ao máximo de 427,7% do PIB atingido em Junho de 2013, a queda no endividamento da economia portuguesa é de 54 pontos percentuais.
O Banco de Portugal revelou também hoje que o valor da dívida pública, na óptica de Maastricht, caiu quase 4 pontos percentuais no ano passado, para 126,2% do PIB, o valor mais baixo desde 2012.