As enormes disparidades de rendimento existentes na Europa traduzem-se, como não poderia deixar de ser, nos níveis de consumo das suas populações. E Portugal não foge à regra: está entre os que menos ganham, pelo que também está entre os que menos consomem.

Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat, em Portugal, o nível de consumo "per capita" (isto é, por pessoa), situou-se nos 83% da média europeia – isto é, consome-se por cá menos 17% do que na média dos parceiros da União.

Pior do que os portugueses estão apenas os parceiros do Leste (como a Eslováquia, República Checa, Polónia e Eslovénia) e a Grécia. Acima de Portugal no campeonato do consumo estão a generalidade dos países do Euro, com o Luxemburgo à cabeça, com um nível de consumo por pessoa de 137% (isto é, 37% acima da média europeia).

Este indicador do consumo inclui os bens comprados pelas famílias mas também os disponibilizados pelo Estado, como a Saúde e a Educação, e acompanha o nível de rendimento "per capita" – Portugal, criando menos riqueza, também consome menos.

Contudo, é de assinalar que o nível de consumo "per capita" em Portugal é superior ao nível de rendimento (está 23% abaixo da média europeia), o que poderá indicar o endividamento do Estado e das famílias para o efeito. Portugal não está sozinho – Grécia, França, Chipre, Finlândia e Reino Unido – também apresentam níveis de consumo acima dos de rendimento.

Em sentido oposto, com níveis de rendimento muito acima dos de consumo estão o Luxemburgo (mais 134 pontos de diferença) e a Irlanda (mais 50 pontos), o que deverá sinalizar que uma parte substancial da riqueza criada não fica nestes países e não é aproveitada pelos cidadãos.

O indicador usado pelo Eurostat para medir o consumo 'per capita' leva em conta o nível global de consumo nos países, independentemente de quem o financia (famílias ou Estado) e de quem consome (famílias, Estado, organizações).