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Consumo das famílias explica crescimento surpresa do PIB no 4.º trimestre

INE confirma que economia portuguesa cresceu 0,8% em cadeia no quarto trimestre de 2023 e 2,3% no conjunto do ano. Consumo das famílias explica crescimento surpresa no final do ano - depois de um terceiro trimestre negativo -, evitando uma recessão técnica. No entanto, consumo de bens alimentares diminuiu.

Comportamento do consumo das famílias alterou-se nas últimas duas décadas com a migração do peso da despesa para a casa.
Nuno Alfarrobinha
29 de Fevereiro de 2024 às 11:32
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A economia portuguesa cresceu 0,8% no último trimestre do ano face aos três meses anteriores, devido sobretudo ao aumento do consumo privado (que há dois trimestres estava em queda), que explicou o crescimento surpresa do final do ano, que evitou assim uma recessão técnica, confirmou o INE.

Nas contas trimestrais nacionais divulgadas nesta quinta-feira, 29 de fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma os dados divulgados na primeira estimativa: no último trimestre de 2023, a economia portuguesa cresceu 2,2% em termos homólogos (face ao mesmo período de 2022) e 0,8% em cadeia (face ao trimestre anterior), evitando uma recessão técnica. No conjunto do ano, o PIB cresceu 2,3%.

Agora, o INE dá mais detalhes sobre o que aconteceu à economia no conjunto do ano e no quarto trimestre, quando o crescimento foi superior ao esperado. E o consumo das famílias foi determinante. Recorde-se que, no trimestre anterior, a economia tinha crescido 1,9% em termos homólogos e recuado 0,2% (pelo que um novo trimestre negativo implicaria uma recessão técnica).

Comparando com o trimestre anterior, o contributo da procura interna (que inclui o consumo privado, o consumo público e o investimento) para o PIB aumentou para 1,1 pontos percentuais no quarto trimestre, observando-se um crescimento do consumo privado - o que não aconteceu nos dois trimestres anteriores - e um abrandamento do investimento, explica o INE. 

Face ao terceiro trimestre, as despesas de consumo final das famílias residentes aumentaram 0,9% (variação em cadeia de -0,5% no trimestre anterior), observando-se um crescimento de 0,8% da componente de bens não duradouros e serviços (-0,1% no trimestre precedente) e um aumento de 1,3% da componente de
bens duradouros (-3,8% no 3º trimestre). Por oposição, o consumo de bens alimentares caiu 2,4% (depois de ter subido 0,6% entre julho e setembro).

Já no que diz respeito ao investimento, e comparando ainda com o terceiro trimestre de 2023, o investimento total aumentou 2,1%, abrandando face à subida de 4,2%  registada no trimestre anterior).

Por outro lado, as exportações aumentaram 3,6%, recuperando assim no quarto trimestre após a diminuição de 1,5% verificada no trimestre anterior,  com a venda de bens ao exterior a crescer 2,7% e a de serviços 5,1% (que comparam com -1,3% e -1,9% no terceiro trimestre, respetivamente). As importações aumentaram 4,2% no final do ano trimestre (0,4% no 3º trimestre), verificando-se crescimentos de 3,5% na componente de bens e de 7,6% na componente de serviços (0,3% e 0,9% no 3º trimestre, pela mesma ordem).

Assim, o contributo da procura externa líquida (que considera as exportações menos as importações) manteve-se negativo (-0,3 pontos percentuais do PIB) no quarto trimestre  mas menos do que nos três meses anteriores (-0,9 pontos percentuais).

Economia cresceu 2,3% no conjunto do ano

No destaque publicado nesta quinta-feira, o INE confirma que, no conjunto do ano 2023, o PIB cresceu 2,3% em volume, após o aumento de 6,8% em 2022. Tanto o contributo da procura interna como o da externa líquida foram positivos, com todas as componentes da economia a crescer, embora a ritmos bem inferiores. 

No entanto, "as exportações e as importações de bens e serviços em volume desaceleraram significativamente", diz o INE. 

Em termos nominais, o PIB aumentou 9,7% em 2023, atingindo cerca de 266 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada com mais informação às 12:06)
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