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Clima económico continua a desacelerar em Janeiro

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o indicador de clima económico continua a registar taxas de crescimento cada vez mais baixas, avançando 0,6% em Janeiro. O indicador de actividade económica também perde gás em Dezembro.

Bruno Simão/Negócios
17 de Fevereiro de 2016 às 12:31
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O indicador de clima económico seguiu uma trajectória ascendente desde o arranque de 2013. A partir de Setembro do ano passado começou a crescer a um ritmo cada vez mais lento e, em cinco meses, passou de uma variação de 1,4% para 0,6%. Este indicador parte de inquéritos realizados junto da indústria, comércio, construção e serviços. Ou seja, mede o sentimento dos agentes económicos.

 

O único sector a melhorar nestes inquéritos foi a indústria, que passou de uma quebra de -3,3 para -2,9. O comércio, que tinha estagnado em Dezembro, voltou a cair em Janeiro (-0,7), a construção afundou mais (-41,3) e os serviços registaram o segundo mês consecutivo de quebra (-1,6) depois de oito meses de crescimento.

 

Os indicadores quantitativos, apenas disponíveis até Dezembro, mostram uma realidade semelhante a esta. A actividade económica desacelerou de 2,7% para 2,6%, reflectindo resultados piores em praticamente todos os sectores. A produção na indústria cresceu menos (2,8% vs. 2,1%) e a construção caiu mais (-4,2%). No que diz respeito ao volume de negócios, observa-se uma quebra mais acentuada, resultado de um agravamento das quebras na indústria e nos serviços. As únicas boas notícias vêm das dormidas em estabelecimentos hoteleiros, que aceleram de 6,1% em Novembro para 7,2% em Dezembro.

 

O INE justifica parte destes resultados com uma diminuição dos preços. "Os índices de volume de negócios da indústria e dos serviços registaram variações nominais negativas em Dezembro, mais acentuadas que no mês precedente, o que poderá reflectir sobretudo variações negativas de preços. Efectivamente no caso da indústria, a variação do respectivo índice de preços foi negativa e o índice de produção industrial, embora em desaceleração, manteve um crescimento positivo em Dezembro", pode ler-se na publicação divulgada esta manhã, 17 de Fevereiro. "Pelo contrário, nesse mesmo mês, o índice de produção da construção e obras públicas acentuou a sua diminuição."

 

Consumo abranda devido à venda de carros

 

A confiança dos retalhistas voltou a terreno positivo (0,1) em Janeiro, enquanto o consumo privado continuou a crescer em Dezembro, mas a um ritmo mais lento do que no mês anterior (2,6% vs. 2%). Este arrefecimento resulta do crescimento menos expressivo do consumo de bens duradouros e do consumo corrente, embora mais significativo no caso do primeiro (12,1% vs. 7,3%), que registou a variação mais baixa desde Outubro de 2013. Um dos principais responsáveis deverá ser a venda de carros que, de Novembro para Dezembro, passou de uma variação de 19,6% para 13,6%. Em Janeiro já houve uma ligeira recuperação para os 14%.

 

Também em Janeiro, a confiança dos consumidores regressou a uma trajectória de recuperação, apesar de ainda estar em valores negativos. O INE sublinha que "não considerando médias móveis de três meses, este indicador recuperou de forma significativa, atingindo o valor mais elevado desde Agosto de 2000".

 

Investimento em material de transporte trava a fundo

 

O INE já referiu que um dos principais motivos por trás de um crescimento mais lento da economia no último trimestre de 2015 está relacionado com um comportamento pior do investimento. Os números da síntese de conjuntura permitem observar isso mesmo. A formação bruta de capital fixo (FBCF) registou um crescimento forte em Outubro (6,7%), mas abrandou nos dois meses seguintes, para 4,7% e 4,9%.

 

Nesses meses destacou-se pela negativa o material de transporte que, de um crescimento de 46,8% em Outubro, travou a fundo para 11,4% em Novembro. Entretanto recuperou para 18,6% em Dezembro, devido à aceleração da venda de carros para empresas de rent-a-car, já que todas as outras componentes tiveram contributos positivos menos expressivos.

 

As máquinas e equipamentos - indicador baseado nas opiniões dos empresários do comércio por grosso de bens de investimento - continuaram a ganhar ímpeto, crescendo há sete meses consecutivos. A variação de 3,4% em Janeiro é explicada pelo contributo positivo das perspectivas de actividade, volume de vendas e encomendas a fornecedores.

 

A construção também continua a ter variações positivas, com o quarto trimestre de 2015 a ter melhores resultados do que os dois trimestres anteriores. Contudo, em Dezembro o crescimento foi mais lento do que em Novembro. As vendas de cimento abrandaram, enquanto o varão para betão acelerou. As licenças para a construção de novas habitações continuam a crescer, mas a um ritmo mais lento em Dezembro.

 

"O saldo das opiniões dos empresários do sector da construção e obras públicas relativas à actividade corrente da empresa aumentou ligeiramente em Janeiro, contrariando o agravamento verificado no mês anterior", refere o INE. "Em sentido oposto, o saldo das opiniões sobre a evolução da carteira de encomendas, também disponível até Janeiro, diminuiu nos últimos cinco meses interrompendo o movimento ascendente observado desde o início de 2013."

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