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CFP admite recessão de 11,8% e défice de 9,3% num cenário severo

A conjuntura é particularmente incerta, por isso o Conselho das Finanças Públicas traçou dois cenários para a economia portuguesa. Seja como for, nem em 2022 o país voltará a ficar livre dos défices orçamentais.

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A economia portuguesa poderá registar uma recessão de 11,8% este ano, admite o Conselho das Finanças Públicas (CFP), no seu cenário mais severo de projeção da crise económica decorrente da pandemia de covid-19. Nesse caso, o défice orçamental deverá chegar aos 9,3%. Mas mesmo que a realidade não venha a ser tão negativa, o país já não se livra de défices orçamentais até 2022, avisa o organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral. As projeções foram publicadas esta quarta-feira, 3 de junho.

A poucos dias de serem conhecidas as projeções do Governo (no Orçamento retificativo que deverá ser entregue na próxima semana ao Parlamento) o CFP publicou o seu próprio cenário macroeconómico até 2022. Admitindo uma incerteza acima do normal, o organismo de monitorização das contas do país decidiu apresentar dois exercícios: um cenário base, e outro mais adverso. 

No cenário base, a economia portuguesa vai contrair 7,5% este ano, com uma redução de 5% do emprego e um aumento da taxa de desemprego para 11%. As administrações públicas ficarão com as contas no vermelho, registando um défice orçamental de 6,5% e a dívida pública sobe este ano para 133,1% do PIB.

O CFP explica que este cenário pressupõe que o choque na economia é "transitório" e que se verifica fundamentalmente do lado da procura. Admite que o impacto é mais intenso no segundo trimestre deste ano, mas que a recuperação da economia será "relativamente célere durante a segunda metade do ano".

Este cenário é um pouco mais pessimista, mas não demasiado distante do que tem servido como ponto de referência, ainda preliminar, para o Governo. Conforme indicou aos partidos, e confirmou o Negócios, o Executivo está neste momento a trabalhar com projeções preliminares que apontam para uma recessão de 7%, um défice de 6,5% e a taxa de desemprego nos 10%.

Porém, é o próprio CFP que assume que o contexto é "de riscos e incerteza anormal e historicamente elevados, em que a grande parte é de natureza descendente." Assim sendo, traçou um cenário alternativo, mais adverso. Nesse cenário, que apelida de "severo", a recessão é mais profunda e os impactos nas contas públicas e no mercado de trabalho são ainda mais duros. A recessão atinge os 11,8%, o défice fica em 9,3%, a taxa de desemprego sobe para 13,1%, com uma contração do número de postos de trabalho na ordem dos 7,2%.

É uma projeção que assume, da mesma forma, que o pior da crise estará a ser vivido neste momento (no segundo trimestre deste ano), mas que depois do pico dos efeitos da pandemia a recuperação "será mais lenta do que no cenário base durante a segunda metade do ano, pressupondo uma quebra mais intensa nas trocas comerciais e um clima de maior incerteza", lê-se no relatório.

Dois anos podem não chegar para recuperar da crise 

Em ambos os cenários, a economia regressa ao crescimento em 2021, mas a recuperação será sempre lenta e as contas públicas vão manter-se sempre no vermelho, acima do limite de défice de 3% previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Na projeção mais pessimista, nem em 2022 o PIB volta ao mesmo nível que tinha no pré-pandemia: continua 3,5 mil milhões de euros abaixo (menos 1,6% do que em 2019). Nesse ano, admitindo a hipótese mais negativa, a taxa de desemprego continuará em 9,5%, apesar de a economia crescer 3,2% e de já se verificar alguma criação de emprego. O défice orçamental será bem acima do limite do Pacto de Estabilidade e Crescimento, estando projetado para 4,2%.

Já se a realidade for mais próxima do cenário base, em 2022 Portugal terá ultrapassado o PIB de 2019 por 2,3 mil milhões de euros, ou seja, mais 1,1% em termos nominais. A taxa de desemprego estará, ainda assim, em 8,1% e as administrações públicas continuarão a registar um défice de 3,1% do PIB.

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