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Católica esmaga previsão de crescimento para este ano

O agravamento do défice estrutural, o fraco crescimento na segunda metade do ano passado e uma política orçamental menos expansionista levou a Católica a rever em forte baixa a perspectiva de crescimento da economia portuguesa para este ano.

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A economia portuguesa vai crescer 1,3% este ano e 1,7% no próximo, de acordo com as novas estimativas da Católica Lisbon Forecasting Lab – NECEP, reveladas nesta quarta-feira, 13 de Abril.

 

Na síntese trimestral de conjuntura, a Católica justifica a forte revisão em baixa – antes apontava para um crescimento de 2% neste ano e 2,2% em 2017 – com três factores: agravamento do défice estrutural em 2015, fragilidade do crescimento no segundo semestre do ano passado e política orçamental em 2016 menos expansionista face ao anunciado pelo Governo em Janeiro.    

 

Com esta nova previsão, a Católica é agora a instituição mais pessimista para a evolução da economia portuguesa este ano. Esse número era até aqui da autoria do FMI, que antecipa um crescimento de 1,4% para o PIB português em 2016 e uma nova desaceleração para 1,3% no ano seguinte. O Governo antecipa um crescimento de 1,8% neste ano, a Comissão Europeia calcula 1,6% e o Banco de Portugal aponta para uma expansão de 1,5%. 

Em Janeiro, a Católica ainda fazia a previsão mais optimista. O prosseguimento de "choques de preços favoráveis como aqueles a que a economia portuguesa foi sujeita ao longo de 2015, a que se poderia juntar a política acomodatícia do BCE, favorecem a continuação da recuperação" e, por isso, o NECEP "antecipa um crescimento próximo dos 2% em 2016 e dos 2,2% em 2017". Porém –prosseguia a nota de conjuntura então divulgada –"as previsões para 2016 estão envoltas num quadro elevado de incerteza decorrente da intenção de mudança de política orçamental face às recomendações das instituições internacionais especializadas". "Se uma política orçamental expansionista poderia, em condições normais, ser favorável ao crescimento económico no curto prazo, o elevado nível de endividamento público pode dissipar este efeito caso a desconfiança dos investidores vier a aumentar os custos de financiamento da economia portuguesa", alertavam os economistas da Católica.



As perspectivas mais sombrias para a economia portuguesa reflectem-se já nas estimativas para o primeiro trimestre deste ano. A Católica estima que o PIB de Portugal vai crescer apenas 0,1% nos primeiros três meses do ano, face ao trimestre anterior, enquanto na comparação homóloga a variação prevista é de 0,8%.

 

A confirmarem-se estas previsões, a economia portuguesa continuará num ritmo de abrandamento, que já se observou no segundo semestre do ano passado. "A economia portuguesa encontra-se num compasso de espera que se manifesta num adiamento da recuperação do investimento", refere a Católica, assinalando que "as exportações também apresentam um menor fulgor como resultado de uma ligeira deterioração das perspectivas em torno da economia mundial e, porventura, da apreciação do euro registada neste início de 2016".

cotacao A economia portuguesa encontra-se num compasso de espera que se manifesta num adiamento da recuperação do investimento Católica 



Mais austeridade pode travar crescimento

 

Na síntese revelada esta quarta-feira, a Católica identifica vários riscos que pendem sobre a economia portuguesa, destacando que estes continuam a ser de natureza financeira, "quer os ligados ao processo de consolidação das finanças públicas, quer os relativos à capitalização do sistema financeiro".

 

Alerta também que a possibilidade de o Governo português colocar em marcha um "plano b" para atingir as metas orçamentais, tal como exigiu Bruxelas, poderá representar mais um travão ao crescimento da economia. "A qualquer momento as autoridades podem ver-se forçadas a tomar medidas discricionárias de contenção o que se traduziria, no curto prazo, numa nova desaceleração do crescimento", refere a Católica, salientando que "a mera perspectiva de que tais medidas são prováveis contribui, desde logo, para o adiar de despesas de investimento e de consumo".

 

Assinalando que "a credibilidade da política orçamental e financeira é um traço central da actual conjuntura" e acreditando ser "possível que o governo consiga evitar medidas adicionais de curto prazo que pesem negativamente no crescimento económico", a Católica estima que o Governo vai falhar a meta de défice de 2,2% que está inscrita no Orçamento do Estado. Os cálculos da instituição apontam para um desequilíbrio das contas públicas equivalente a 3,1% do PIB.

 

Quanto aos restantes indicadores, a Católica estima uma taxa de desemprego de 12% este ano e 11,8% em 2017, com a inflação a crescer para 0,7% este ano e 1,2% no próximo. 



 

(notícia actualizada às 13:55 com mais informação)   

 

  

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