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Católica estima crescimento de 2% e subida do desemprego em 2015
A economia portuguesa voltará rapidamente a crescer, mas lentamente. Esta é uma das conclusões do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, que reviu em alta as suas previsões de crescimento do PIB para 2014 e 2015. O desemprego desce este ano, mas volta a aumentar no próximo.
Na folha trimestral de conjuntura, o NECEP antecipa que Portugal crescerá 1,4% em 2014 e 2% em 2015, quando em Janeiro deste ano esperava apenas variações 0,8% e 1,4% do PIB, respectivamente. A sustentar a estimativa para este ano está a descida das taxas de juro, a recuperação do investimento e a manutenção de uma evolução saudável das exportações.
“Esta melhoria nas previsões tem em conta a persistência de sinais favoráveis transversais aos vários agregados, a melhoria significativa, e inesperada, das taxas de juro implícitas da dívida pública portuguesa, a continuada recuperação económica na zona euro, os sinais robustos oriundos da economia norte-americana e, finalmente, a resiliência das economias periféricas do euro à estratégia de tapering monetário por parte da Reserva Federal (FED)”, escreve a Católica. Esta melhoria conjuntural é precisamente o que também serve de âncora à revisão em alta de 2015.
No entanto, o documento sublinha também os riscos de curto e médio prazo, argumentando que as “restrições” e as “incertezas” orçamentais são o maior risco por trás das suas previsões. Para 2015 em concreto, o NECEP refere que existe um nível elevado de incerteza em torno da dimensão do “output gap” (“hiato do produto”, diferença entre taxa de crescimento real e potencial do PIB) e do elevado endividamento da economia nacional, que pode limitar a recuperação do investimento.
A Católica calcula que o regresso a patamares de 2010 “poderá ser relativamente rápida”, mas que, a partir daí, a evolução do PIB a médio prazo será mais lenta. “O NECEP estima que a trajectória tendencial da economia portuguesa seja já positiva, se bem que baixa em termos históricos e de magnitude incerta”, pode ler-se no documento. “De facto, os sinais positivos de recuperação (nomeadamente, de natureza qualitativa) podem estar demasiado influenciados por uma mudança rápida e favorável das perspectivas da generalidade dos agentes económicos, não podendo ser excluída a hipótese de uma sobre-reação no curto prazo. Os desafios de carácter orçamental não foram ainda ultrapassados, e há já um grande desgaste das autoridades que poderão abrandar esse esforço na primeira oportunidade.”
Mesmo as perspectivas macroeconómicas têm vários pontos de interrogação. Segundo o NECEP, a taxa de desemprego deverá cair este ano de 16,3% para 15,6%. No entanto, deverá voltar a agravar-se em 2015 para os 15,9%. Porquê? A subida é justificada com o facto de o ritmo de crescimento do PIB dever continuar “abaixo do seu potencial”. “Não é, contudo, impossível que se venham a observar novas reduções significativas do desemprego mesmo com níveis relativamente moderados de crescimento do produto, compensando o referido “overshooting” no que concerne às taxas de desemprego anormalmente elevadas que se observaram entre 2012 e 2013”, acrescenta.
Ainda nesta folha trimestral, a Católica calcula que a economia portuguesa tenha crescido 2,2% no primeiro trimestre deste ano, depois de ter avançado 1,7% nos três meses anteriores.