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Católica prevê maior crescimento de Portugal em 17 anos

A Universidade Católica reviu em alta a sua previsão de crescimento deste ano para 2,7% e está também mais optimista para os dois anos seguintes. Investimento precisa de crescer mais.

Miguel Baltazar
12 de Julho de 2017 às 14:00
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O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica espera que o produto interno bruto (PIB) nacional alcance um crescimento de 2,7% em 2017. Uma revisão em alta de 0,3 pontos percentuais que, a confirmar-se, significará que este será o melhor ano para a economia portuguesa desde 2000.

 

"Tendo em conta os desenvolvimentos recentes e, em particular, o desempenho da economia portuguesa no primeiro trimestre, o NECEP projecta um crescimento do PIB de 2,7% em 2017, uma revisão em alta de 0,3 pontos percentuais face à projecção de Abril", pode ler-se na sua mais recente folha trimestral de conjuntura, publicada esta quarta-feira, 12 de Julho.

 

Embora reconheça que existe uma grande incerteza em torno desta estimativa, o NECEP justifica-a com três factores em específico: uma aceleração da actividade da Zona Euro, o impacto positivo de medidas orçamentais implementadas no ano passado e "sinais claros" de recuperação cíclica da economia nacional.

 

Esta melhoria deverá continuar a observar-se no segundo trimestre deste ano. A Católica espera uma variação homóloga do PIB de 3,3% (0,7% em cadeia) entre Abril e Junho. Mesmo que haja "um soluço" no segundo trimestre, "a previsão para o crescimento anual não deverá ser afectada fruto da dinâmica instalada".

 

A economia parece estar mesmo a ganhar gás, com a recuperação a estender-se agora também ao investimento. A rubrica onde ainda há mais caminho a percorrer. "O produto trimestral pode regressar aos níveis de 2010 no final do corrente ano", escreve o NECEP. "Porém, o investimento está ainda cerca de 30% abaixo dos níveis desse ano, pelo que será necessário observar uma sequência mais forte e longa de crescimento nessa variável para assegurar a solidez económica da actual recuperação."

 

Apesar da Católica classificar esta recuperação como cíclica, o maior optimismo das previsões não se esgota em 2017. Para 2018 e 2019, o NECEP também revê em alta as suas previsões, em 0,2 e 0,3 pontos, respectivamente. Espera agora que o PIB aumente 2,1% e 1,9% nesses anos. Recorde-se que, entre 2001 e 2016, a economia nacional cresceu a um ritmo de apenas 0,3% ao ano.

 

"Desta forma, a economia portuguesa poderá manter-se durante algum tempo numa situação favorável em que o crescimento tendencial já é superior à média recente, mas mantendo uma trajectória de aceleração continua."

Caso de confirme um crescimento de 2,7% este ano, ele não só se destacará em relação aos últimos anos, como ficará muito acima da previsão que o Governo inscreveu no Orçamento de Estado (1,8%), o que poderá significar menos dificuldades para cumprir a meta de défice.



No que diz respeito às contas públicas, a Católica diz que não espera uma correcção do saldo estrutural este ano (algo que as regras europeias exigem). O que significa que o saldo global ficaria acima de 2%. Porém, reconhece que o Governo dispõe ainda de instrumentos não orçamentados para corrigir algum desvio de trajectória e cumprir as metas. Recorde-se que esta manhã o Conselho das Finanças Públicas disse que os dados do primeiro trimestre eram um bom augúrio para o resto do ano.

 

Embora este novo relatório traga notícias positivas para a economia, o NECEP avisa que estas previsões são feitas num contexto de "enorme incerteza interna e externa". Dentro de portas, o instituto nota que existem ainda "dúvidas sobre a solidez da consolidação orçamental", a redução da dívida pública e eventuais impactos negativos vindos da banca. Além disso, a Católica tem também dúvidas sobre "resistência do Governo às pressões políticas para abandonar a contenção orçamental". Isto é, a pressão dos partidos à esquerda do PS.

 

Lá fora, as principais interrogações estão relacionadas com a "reorientação da política económica nos EUA e Reino Unido", bem como uma "normalização da política monetária", tanto nos Estados Unidos, como na Zona Euro. 


 

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