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Bruxelas corta crescimento de Portugal para 4,1% este ano

A Comissão Europeia reviu em baixa a projeção de crescimento de Portugal em 2021. Com um primeiro trimestre do ano negativo, a economia não vai além de 4,1% e só regressa aos níveis pré-crise no final de 2022.

11 de Fevereiro de 2021 às 10:00
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A Comissão Europeia cortou a previsão de crescimento de Portugal para 4,1% este ano. Bruxelas antecipa agora uma retoma mais contida e avisa que a economia portuguesa só conseguirá recuperar o nível pré-crise no final de 2022. Os números constam das Previsões de Inverno, reveladas esta quinta-feira em Bruxelas.

"O PIB deverá crescer 4,1% em 2021 e 4,3% em 2022. Um regresso completo aos níveis pré-pandemia é esperado no final de 2022", lê-se no boletim. Também a previsão de crescimento da Zona Euro para o ano corrente foi revista em baixa, tendo passado de 4,2% para 3,8%.

Nas projeções de outono, apresentadas há cerca de três meses, a Comissão Europeia antevia um crescimento mais forte para este ano, apontando para 5,4%, a mesma meta que o Governo de António Costa definiu no desenho do Orçamento do Estado para 2021. Para 2022, a expectativa de Bruxelas era um crescimento mais contido, de 3,5%, mas a revisão em alta agora apresentada deverá estar bastante influenciada por efeitos de base de comparação.

A justificar a revisão em baixa está um primeiro trimestre de 2021 pior do que o antecipado. A queda será a mais funda da União Europeia: a atividade económica portuguesa deverá encolher 2,1% face aos últimos três meses de 2020. A Irlanda e a Áustria serão os outros dois piores países, com quedas de 1,6% e 1,4%, respetivamente.

A Comissão explica que a atividade da economia portuguesa tem sido muito condicionada pela pandemia, piorando quando as infeções se agravam e as medidas de confinamento têm de ser ativadas. "Depois de uma queda acumulada de cerca de 17% na primeira metade de 2020, o PIB recuperou 13,3% no terceiro trimestre" do ano passado, lembra o relatório. "Contudo, o aumento das infeções trouxe novas restrições no final do ano e o PIB abrandou para 0,4% no último trimestre", continuam os peritos europeus. "Com a introdução de um confinamento mais estrito em meados de janeiro de 2021, o PIB deverá voltar a cair no primeiro trimestre", concluem.

A projeção agora apresentada pressupõe o regresso ao crescimento no segundo trimestre do ano e uma "recuperação notável do turismo no verão, particularmente nas viagens intra-comunitárias, e uma retoma mais lenta daí em diante", explica a Comissão. Bruxelas avisa, porém, que o turismo se vai manter abaixo dos níveis pré-crise até ao final de 2022.

Aliás, enquanto a média da atividade da União Europeia deverá conseguir regressar aos níveis pré-pandemia no segundo trimestre de 2022, a economia portuguesa só atingirá esse patamar no final do ano.

Questionado na conferência de imprensa sobre o desempenho da economia portuguesa, o comissário Paolo Gentiloni sublinhou que "Portugal é substancialmente afetado" pelo impacto da pandemia no turismo. É que o país é particularmente dependente desta atividade: "Só o turismo estrangeiro vale 8% do PIB", frisou o responsável, mantendo ainda assim uma mensagem de otimismo sobre a recuperação prevista para o verão.

Riscos são negativos mas PRR pode ajudar

O risco de a realidade se vir a revelar ainda pior do que o agora esperado "permanecem significativos" porque o país tem uma elevada dependência do turismo estrangeiro, que continua a enfrentar incertezas relacionadas com a evolução da pandemia", avisa a Comissão Europeia.

O fator positivo poderá ser o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), cujas medidas estão avaliadas em 0,25% do PIB. O impacto deste programa ainda não foi considerado na projeção de Bruxelas e, se se concretizarem os planos, será uma ajuda ao crescimento da atividade económica do país.

Entretanto, a Comissão Europeia espera que a recuperação da procura e a melhoria do sentimento dos empresários impulsionem a recuperação este ano, tendo em conta que em 2020 o consumo privado caiu muito, como contrapartida de um aumento significativo da poupança. Ou seja, este ano é de esperar que as poupanças acumuladas em 2020 ajudem a alimentar agora o consumo. O facto de o mercado de trabalho se ter mostrado resistente – a taxa de desemprego ficou abaixo do esperado e uma parte significativa do emprego destruído foi recuperada ao longo do ano passado – ajudará também a suportar a subida do consumo. 

A taxa de inflação deverá subir este ano 0,9%, depois da queda de 0,1% em 2020. Na primeira metade do ano a subida será sobretudo devido ao aumento dos custos da energia, devendo depois ser ajudada por uma subida dos preços dos serviços, antecipa a Comissão.

(Notícia atualizada às 12:10)
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