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António Mendonça: Subida das taxas de juro "pode favorecer uma nova recessão"

O bastonário da Ordem dos Economistas apresenta as suas dúvidas face à subida das taxas de juro. Alerta que pode alavancar uma recessão, tal como aconteceu em 2008. Com a subida das taxas de juro já sinalizadas pelo BCE, António Mendonça diz que Lagarde deve estar preparada para voltar atrás, se necessário.

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O bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, receia que a subida das taxas de juro para combater a inflação possa favorecer uma recessão económica, pedindo mais tempo, informação e flexibilidade sobre a matéria.

"Tenho bastantes reservas tendo em conta a incerteza que existe, o nível de endividamento de países como Portugal e a necessidade de promover o investimento. A subida das taxas de juro pode favorecer o desenvolvimento de uma nova recessão", defendeu o ex-ministro numa entrevista ao Negócios e à Antena 1.

António Mendonça lembra que isso foi precisamente o que aconteceu na crise de 2008. "Não nos podemos esquecer de que a própria zona euro, em 2008 e em 2010, creio, tentou subir as taxas de juro, precisamente porque estava preocupada com a inflação, e o que aconteceu foi exatamente o contrário. Foi embrulhar a economia numa recessão", afirmou.

É nesse contexto que coloca as hesitações do Banco Central Europeu (BCE), que já sinalizou a subida das taxas de juro para este verão. Nesse sentido, o bastonário da Ordem dos Economistas afirma que o BCE "deve estar preparado para voltar atrás se isso se revelar necessário". 


"Eu teria a tendência a ainda protelar um pouco mais até a situação ser extremamente clara, porque tentar conter a inflação com a subida das taxas de juro, através de uma recessão, enfim, pode ser muito negativo", afirmou. António Mendonça ainda considera que a subida de preços "tem um caráter transitório". 

"Tendo em atenção quais são as raízes do problema, o que está na origem disso, provavelmente não podemos aplicar medidas standard, temos de ter a flexibilidade", considerou.

"Temos de ser extremamente flexíveis, muito pouco ortodoxos e olhar para aquilo que está a acontecer na economia, porque de um momento para o outro a situação pode-se alterar radicalmente, o próprio quadro de confiança na Europa", avisou. 

 

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