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Álvaro Santos Pereira: "Redução da dívida tem de ser a prioridade total para Portugal"

Os números do crescimento português no contexto de uma economia mundial em desaceleração "não são más notícias", mas também "não são excelentes notícias", disse o antigo ministro português, lembrando que redução da dívida deve ser "prioridade total".

Manuel de Almeida/Lusa
21 de Novembro de 2019 às 16:07
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"A economia portuguesa a crescer 1,9% este ano e 1,8% para o ano não está muito mal, mas também não é fantástico, portanto é importante dizer que há outros países na Europa de Leste e nos Bálticos a crescer 3 ou 4%. [...] Não são excelentes notícias, mas não são más notícias", disse Álvaro Santos Pereira, atual diretor do departamento de estudos sobre países da OCDE, em declarações à agência Lusa.

Na apresentação do relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Paris, o antigo governante contextualizou as projeções para Portugal como o crescimento de 1,9% e défice zero em 2020 .

"Estamos a falar de uma redução generalizada da taxa de crescimento na Europa, mas também nos Estados Unidos que vai acontecer para o ano e depois também na Ásia. Uma economia mundial que devia estar a crescer 4%, que é a velocidade de proa, e este ano vai estar a crescer 2,9%", indicou o economista, referindo que estes são os piores números globais apresentados pela OCDE desde a crise financeira.

A prioridade para Portugal, segundo Santos Pereira, é diminuir a dívida. "A redução da dívida tem de ser a prioridade total para Portugal. Continuamos com uma dívida pública a rondar os 120% [...] Se houver uma maior desaceleração da economia mundial ou uma recessão, ou se tivermos alguma crise, vamos estar demasiado vulneráveis", referiu o ex-ministro.

Mesmo as exportações, que a OCDE considera no seu relatório estarem a apoiar os números positivos de Portugal, devem ser melhoradas: "Uma economia como a portuguesa em vez de estar a exportar 45%, devia estar a exportar 80 a 90% como acontece na República Checa ou na Bélgica e outros países da nossa dimensão populacional", sublinhou.

Questionado sobre o aumento do salário mínimo, e com a OCDE a considerar no seu relatório que os salários em Portugal são baixos, Álvaro Santos Pereira defende que o mais importante é criar condições para que o salário médio nacional suba.

"Mais do que o salário mínimo, que é baixo e tem de ser aumentado gradualmente, é importante que se criem as condições para que os salários médios comecem a subir. O que sabemos é que dois terços da nossa população ganha menos de 1.000 euros por mês e, portanto, nós precisamos de aumentar os níveis de vida dos portugueses", disse o o representante da OCDE.

A OCDE melhorou a previsão para o défice português para 0,1% este ano e 'défice zero' no próximo, em linha com o Governo, descendo em uma décima, para 1,8%, a estimativa para o crescimento económico em 2020.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje ('Economic Outlook'), a OCDE melhorou para 0,1% a sua previsão para o défice orçamental de Portugal este ano, face ao défice de 0,5% antecipado na sua anterior previsão, de maio.

Para o próximo ano, a OCDE antecipa agora um saldo orçamental nulo (0%), uma melhoria de duas décimas face à estimativa anterior (défice de 0,2%).
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