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Autarcas saem desiludidos da reunião com Governo sobre privatização da EGF
Os autarcas dos municípios servidos pela empresa de resíduos Valorsul saíram desiludidos da reunião que tiveram esta quarta-feira com o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, na qual debateram a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF).
"Não houve qualquer evolução na posição do Governo, mas tivemos mais uma vez oportunidade de exprimir o nosso ponto de vista de que nada justifica do ponto de vista económico a privatização da empresa", afirmou aos jornalistas o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (na foto), à saída da reunião com o governante.
Jorge Moreira da Silva reuniu-se com 16 dos 19 presidentes de câmara que são servidos pela empresa Valorsul, nomeadamente Alenquer, Alcobaça, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lisboa, Loures, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Odivelas, Peniche, Rio Maior. Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.
"A Valorsul não é parte menor deste processo da EGF. Só por sua conta a Valorsul é responsável por um terço do volume de negócios da EGF e por um terço do lucro que é gerado anualmente pela EGF", sublinhou o autarca de Lisboa.
António Costa lamentou que Jorge Moreira da Silva se tenha mostrado insensível aos argumentos dos autarcas e assegurou que os municípios vão continuar a tentar, tanto pela via política como pela via judicial, travar o processo de privatização.
"O que o Governo pretende é entregar-nos de pés e mãos atadas ao privado que venha comprar, mas há-de perceber que nós não temos propriamente vocações para leitões para ser colocados no espeto e portanto percebemos bem que o Governo queira rentabilizar os seus activos, mas não é à nossa conta", sublinhou.
Antes da reunião, o ministro do Ambiente afirmou aos jornalistas que os municípios que contestam a privatização da EGF "estão a dar um tiro no pé" e que a oposição é "insustentável e injustificável".
"Num momento em que o concurso público já está a decorrer é um verdadeiro tiro no pé porque dessa contestação pode decorrer uma desvalorização da empresa e essa desvalorização é má essencialmente para os munícipes que esperam que os candidatos sejam aqueles que cumprem os objectivos ambientais, económicos e de serviço público", afirmou o governante.
A EGF, uma 'sub-holding' do grupo AdP, integra 11 empresas concessionárias, responsáveis pela recolha, transporte, tratamento e valorização de resíduos. O caderno de encargos da privatização foi aprovado na terça-feira e os interessados têm agora 40 dias para apresentar propostas não vinculativas.
Findo este prazo irá existir uma segunda fase do concurso, em que serão valorizados "a qualidade do projecto estratégico, o investimento nas infra-estruturas e a capacidade de superação das metas ambientais". As receitas decorrentes da privatização serão canalizadas para o grupo Águas de Portugal (AdP).