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Portugal reciclou menos 6.200 toneladas de vidro em 2023. Indústria pede medidas urgentes

A Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem pede aos municípios que reforcem a recolha de embalagens de vidro nas épocas do ano com maior produção de resíduos e também soluções adaptadas ao canal Horeca (hotéis, restaurantes, cafetarias e caterings), incluindo mais estabelecimentos na recolha porta-a-porta.

As novas medidas tentam proteger indústrias intensivas em gás e exportadoras, como a do vidro.
Paulo Duarte
Bárbara Silva barbarasilva@negocios.pt 30 de Janeiro de 2024 às 14:35
A Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem (AIVE)  lançou um alerta para a necessidade de mudanças urgentes por forma a atingir as metas de reciclagem de vidro em Portugal. De acordo com Sandra Santos, presidente da associação, é necessário "reforçar a recolha por parte dos prestadores de serviço municipais, com uma melhor adaptação à sazonalidade nas épocas de produção de resíduos mais elevadas".

Além disso, sublinha a mesma resposável, há ainda que "desenvolver soluções de recolha adaptadas ao canal Horeca [hotéis, restaurantes, cafetarias e caterings] a locais de difícil acesso mas com alta concentração de vidro, e incluir mais estabelecimentos na recolha porta-a-porta". Soma-se por último, a necessidade de "criar um serviço de apoio ao cliente, ainda inexistente", frisa a AIVE em comunicado. 

"Quanto mais embalagens de vidro usadas forem recolhidas seletivamente, maior será a incorporação de vidro reciclado na produção de novas embalagens, uma vez que todas as embalagens de vidro colocadas no mercado poderão ser recicladas, se forem recuperadas", defende Sandra Santos, alertando: "É urgente começar já, para alcançar resultados significativos em 2025". 
 
A responsável diz ainda que "é essencial um trabalho sistemático e planeado de acompanhamento no terreno, assim como uma articulação com os sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) e os municípios". 

A AIVE alerta ainda para a necessidade de "criar mecanismos de monitorização e acompanhamento do desempenho do sistema, reforçando uma abordagem de proximidade que apoie os utilizadores domésticos e os estabelecimentos do canal Horeca na reciclagem", assim como de "aumentar a fiscalização e aplicação de penalizações  por comportamentos de não separação neste canal".

A associação aponta o dedo ao Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem (SIGRE) como um todo - desde o consumidor até às entidades gestoras, passando pelos municípios  - pelo facto de o vidro não estar a conseguir cumprir as respetivas metas de reciclagem. Em 2025 as metas impostas por Bruxelas passarão a ser de 70% de vidro reciclado, subindo para 75% em 2030. De acordo com os últimos dados oficiais do Eurostat, referentes a 2021, esta taxa foi de apensas 55% em Portugal.

"Apesar do esforço e inovação do sector, muito pouco foi feito pelo SIGRE para que este material de embalagem consiga cumprir as metas de reciclagem. Os números continuam muito aquém do expectável no que diz respeito aos resultados da reciclagem do vidro, muitas vezes apontado como o pior desempenho do SIGRE, uma tendência dos últimos 10 anos", refere a AIVE.

"Os números recentemente divulgados são preocupantes: em 2023 os portugueses encaminharam para reciclagem menos 6.264 toneladas de vidro, ou seja, uma quebra de 3% na taxa de recolha, face ao ano anterior", frisou a associação. 

Sociedade Ponto Verde pede mais ação aos cidadãos e municípios


O cenário é confirmado pela Sociedade Ponto Verde. Em 2023 os portugueses encaminharam para reciclagem um total de 460.285 toneladas de embalagens, em 2023, o que significa praticamente uma estagnação face ao período homólogo do ano anterior.
 
O papel/cartão, com 148.630 toneladas recolhidas (+4%) continua a ser um dos materiais com melhor desempenho, mas há dois que devem suscitar preocupações: o alumínio e o vidro. O primeiro aumentou apenas 2%, o que se traduz em 1.947 toneladas encaminhadas para reciclagem, carecendo de um aumento significativo no ritmo de crescimento.

o vidro continua aquém da meta e a sua recolha mostra sinais de quebra. No último ano foram depositadas 212.593 toneladas destas embalagens, ou seja, menos 6.264 toneladas (-3%).

"Nas embalagens de vidro, em particular, existe a necessidade de mais separação por parte dos cidadãos e, sobretudo, da prestação de um maior nível de serviço por parte dos operadores municipais na recolha, do ponto de vista da qualidade e conveniência. É fundamental continuar a apostar-se em sistemas de deposição de embalagens de vidro mais eficientes, como o baldeamento assistido, para serem colocados nas proximidades de cafés, restaurantes e bares, onde são geradas as quantidades mais significativas destes resíduos urbanos para reciclagem e alargar o seu uso a mais zonas do país", refere a SPV.

Do lado do Governo ficou já a promessa por parte do ministério do Ambiente e Ação Climática, em declarações ao Negócios, de um "alargamento do âmbito das licenças das entidades gestoras de embalagens - que também depende do novo enquadramento jurídico do setor dos resídulos, que aguarda promulgação do Presidente da República - para permitir que possam atuar junto dos grandes produtores (acima de 1.100 litros por dia), como é o caso do setor Horeca, com benefícios ao nível do aumento dos recicláveis recolhidos".
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