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Navio atómico prepara viagens ecológicas de 3 milhões de dólares
O empresário Aaron Olivera quer que o navio Earth 300 seja um ícone arquitetónico global que incentive as pessoas a pensarem mais seriamente no clima. O design moderno, as linhas simples, a plataforma de observação e a "esfera científica" de vidro de 13 andares causam admiração.
Um navio movido a energia nuclear cheio de cientistas, ativistas e multimilionários, navegando pelo mundo e observando a situação dos oceanos. Esse é o sonho do empresário Aaron Olivera, que acredita que a nova embarcação ajudará a aumentar a consciência ambiental.
O navio, chamado Earth 300, foi projetado pelo especialista em super iates Ivan Salas Jefferson. Com perto de 300 metros de comprimento e 60 metros de altura, terá capacidade para acomodar 425 pessoas que – na sua maioria, serão funcionários, cientistas e estudantes que viajarão gratuitamente. Um pequeno grupo de turistas ricos, alojados em suites de luxo, pagarão, cada um, três milhões de dólares por uma viagem de 10 dias – ajudando a tornar o empreendimento lucrativo.
Num jantar de lançamento em Singapura, Olivera falou rápida e entusiasticamente sobre o seu sonho, citando nomes de empresários e políticos por entre frases cativantes sobre como salvar o meio ambiente, inspirar a juventude e promover a ciência.
Olivera quer que o Earth 300 seja um ícone arquitetónico global que incentive as pessoas a pensarem mais seriamente no clima. O design moderno, as linhas simples, a plataforma de observação e a "esfera científica" de vidro de 13 andares causam admiração.
"Queríamos que a esfera inspirasse quem quer que a veja a salvar o planeta", disse Olivera. "Imagine se pudéssemos construir um objeto que galvanizasse as pessoas de todo o planeta." Ele chama ao navio "A Torre Eiffel da nossa geração".
Além da ambição, ainda há um longo caminho para tornar o barco uma realidade. Foram precisos seis anos e cinco milhões de dólares para chegar a este ponto – em que o projeto está avançado o suficiente para levar os estaleiros navais a acertarem os preços de construção. Olivera disse que o grupo está a analisar os estaleiros na Europa e na Coreia do Sul.
Os executivos do Earth 300 estimam que o custo total fique entre 500 e 700 milhões de dólares.
Parte do elevado preço provirá de uma central de energia atómica com emissões zero da empresa Core Power, com sede no Reino Unido, que está a desenvolver, para seguir na embarcação, um reator a sal fundido, uma tecnologia liderada pela TerraPower, empresa norte-americana de energia nuclear fundada por Bill Gates.
Com o lançamento do navio programado para 2025 e a certificação do reator não esperada antes de outros cinco a sete anos, a embarcação deverá operar inicialmente com combustíveis verdes sintéticos. A propulsão atómica também pode criar problemas junto de países como a Nova Zelândia, que proibiu que navios movidos a energia nuclear atraquem nos seus portos desde 1984.
Olivera quer que a primeira viagem do navio seja uma circunavegação da Antártica, seguida de uma viagem ao Ártico. O navio será projetado para operar 300 dias por ano, gerando cerca de 100 milhões de dólares com ecoturistas ricos, com receitas adicionais a provirem de eventos ou sets de filmagem, disse.
Os ricos que pagarem pelas 10 suites luxuosas com varanda privada também terão acomodação para a sua equipa pessoal num conjunto separado de cabines. Outras 10 suites serão disponibilizadas para o que Olivera chama de Pessoas Muito Interessantes – pessoas de todas as esferas da vida que trariam uma experiência ou conhecimento único à viagem.
Olivera pretende convidar artistas, exploradores e estudantes para passarem um tempo no navio, confraternizando com multimililionários, mas pagando um preço mais baixo ou mesmo viajando gratuitamente.
Com eles, trabalhando em 22 laboratórios, estarão cerca de 160 cientistas, que realizarão pesquisas e recolherão dados usando os equipamentos do navio e milhares de sensores embutidos, incluindo o que poderá ser o primeiro computador quântico comercial oceânico.
Olivera disse que o projeto será de "código aberto", com informações e instalações de processamento partilhadas com outras iniciativas de invstigação climática em todo o mundo.