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Conferência do Clima, o encontro que pode mudar o mundo
“A realidade diária será pautada por cheias e secas mais frequentes, escassez de água e de alimentos, aumento do número de refugiados e conflitos, bem como danos irreversíveis para os ecossistemas, as economias e as comunidades humanas”.
É este o cenário desenhado pela Quercus caso a temperatura mundial aumente 2,7ºC até 2100 [face aos níveis pré-industriais]. Esta subida poderá ocorrer mesmo que todos os países cumpram os compromissos já avançados e que servem de base para a Conferência do Clima em Paris. A expectativa é que a cimeira produza um acordo vinculativo para a redução de emissões de gases com efeito de estufa que substitua o protocolo de Quioto.
"A União Europeia quer que seja alcançado em Paris um acordo mundial ambicioso e vinculativo", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. O desejo é partilhado por Angela Merkel: "Temos de alcançar um acordo sobre um mecanismo de verificação obrigatória com base no direito internacional para que este século possa ser designado, de forma credível, o século da descarbonização".
Até ao momento, mais de 170 países - representando 95% das emissões de gases com efeito de estufa - definiram os seus compromissos que, se cumpridos, limitarão o aumento da temperatura entre os 2,7ºC e os 3ºC, longe dos 5ºC estimados caso a trajectória actual não seja invertida, mas ainda assim acima dos 2ºC, o limite a partir qual a catástrofe já não poderá ser evitada.
As esperanças recaem, portanto, na criação de um acordo que, finalmente, coloque 196 países a trabalhar no mesmo sentido, na introdução de um mecanismo de revisitação de objectivos, na integração de sectores da sociedade que não se sentam à mesa das Nações Unidas e, por fim, na garantia de que são reunidas as condições para que os países mais pobres consigam fazer a transição para uma economia verde enquanto enfrentam as consequências inevitáveis das alterações climáticas.
"O objectivo de manter o aumento da temperatura mundial abaixo de 2°C até ao final do século está ainda ao nosso alcance", defende Juncker, sendo que, na óptica da União Europeia um acordo credível deve assentar em três pontos: a partilha de "uma visão mundial de objectivo a longo prazo", um "mecanismo para avaliar periodicamente os objectivos colectivos e torná-los mais ambiciosos" e, por fim, "um sólido sistema de transparência e de responsabilização para garantir que as partes interessadas possam ter confiança no respeito dos compromissos".
"Chegou o momento. Paris representa uma oportunidade histórica que não podemos perder", acredita o Comissário responsável pela pasta Acção Climática e Energia, Miguel Arias Cañete.
Assim sendo, todas as atenções estarão viradas para a periferia de Paris, para Bourget, onde terá lugar o COP21 de 30 de Novembro a 11 de Dezembro, e cujas consequências podem ser seculares.