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A maneira mais eficaz de combater as alterações climáticas? Plantando árvores

Um estudo publicado na revista Science, que refere que a forma mais eficaz de lutar contra as alterações climáticas está na reflorestação, insta a que se plantem muitas árvores. 1,2 biliões seria um bom número. E há espaço para isso.

06 de Julho de 2019 às 18:16
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A recuperação de espaço florestal à escala global poderia ajudar a capturar dióxido de carbono concentrado na atmosfera e aliviar o problema das alterações climáticas, destaca um artigo publicado na edição de 5 de julho da revista Science.

 

É com base nesta evidência que os oito autores analisaram onde, em todo o mundo, haverá mais potencial para o desenvolvimento de áreas florestais. E a conclusão é promissora.

 

O estudo, intitulado "The global tree restoration potencial", foi liderado por Jean-François Bastin, do Instituto de Biologia Integrativa de Zurique – integrado no Crowther Lab –, e realizado em co-autoria com mais sete cientistas e investigadores das áreas do clima, alimentação, agricultura e agronomia.

 

Segundo o mesmo, existem cerca de nove milhões de quilómetros quadrados de terras – para se ter uma ideia, essa área é praticamente o tamanho dos EUA – capazes de albergar novas florestas, podendo eliminar 750 mil milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

 

Isso significaria plantar 1,2 biliões de novas mudas, um número quatro vezes maior do que a totalidade de árvores que vivem na floresta amazónica. Calcula-se que existam atualmente no planeta cerca de 3 biliões de árvores, refere a BBC.

 

Estes números apresentados pelo estudo mostram que haveria potencial para que a renovação do carbono fosse suficiente para atender às metas internacionais de reflorestação. No entanto, a prática pode ser uma história diferente, sublinha a Bloomberg, uma vez que urge passar à ação o mais depressa possível. É que as alterações climáticas estão em força e a área global que pode albergar florestas vai diminuindo de ano para ano.

 

Assim, além de preservar as florestas que já existem, será necessário criá-las em todas as zonas do mundo que não sejam já zonas urbanas nem estejam destinadas à agropecuária.

 

Este é o primeiro estudo já realizado que demonstra quantas árvores adicionais o planeta pode suportar, onde é que elas poderão ser plantadas e quanto carbono conseguiriam absorver. Se todo esse reflorestamento for feito, os níveis de carbono na atmosfera poderiam cair em 25% – ou seja, regressar a padrões do início do século XX, refere a BBC.

 

Para realizar o estudo, o grupo de investigadores utilizou um conjunto de dados global de observações de florestas e o software de mapeamento do Google Earth Engine. Foram analisadas todas as coberturas de árvores em áreas florestais da terra, de florestas equatoriais até a tundra do Ártico. No total, perto de 80 mil fotografias de satélite de alta resolução passaram pelo crivo dos cientistas. Com as imagens, foi possível contabilizar a cobertura natural de cada ecossistema, explica a mesma fonte.

Com recurso à inteligência artificial, 10 variáveis de solo e clima ajudaram a determinar o potencial de arborização de cada ecossistema, considerando as condições ambientais atuais e dando prioridade a áreas com atividade humana mínima. Por último, foram implementados no software modelos climáticos que projetam as mudanças do planeta até 2050, acrescenta.

 Sublinhe-se que, sem uma redução das emissões de carbono, o mundo poderá perder mais 2.200 km2 de floresta até 2050, sobretudo nos trópicos.

 

Plantar árvores parece ser uma atividade simples o suficiente para qualquer pessoa a poder realizar, se bem que as escalas envolvidas nos trabalhos de reflorestação internacional eclipsem qualquer esforço individual, salienta a Bloomberg. Além do mais, "expandir florestas poderá nem sequer ser a melhor forma de combater o problema das alterações climáticas", comentou à agência uma responsável do departamento de Ecologia e de Biologia Evolutiva da Universidade do Connecticut, Robin Chazdon.

 

"Uma das melhores coisas que as pessoas podem fazer é reduzir o consumo de carne de vaca. Um grande motor da desflorestação tem sido a criação dos pastos para o gado", frisou a mesma académica.

 

Chazdon, contudo, não nega a importância da plantação de árvores na mitigação dos efeitos climáticos adversos. E publicou, em conjunto com outros colegas, um estudo na Science Advances em que são identificados os locais onde a reflorestação traria maiores benefícios na absorção de dióxido de carbono, água e vida selvagem.

 

O estudo, publicado também esta semana, conclui que há mais de 100 milhões de hectares de florestas húmidas que podem ser recuperados para esse efeito. E os seis países com maior potencial para um investimento produtivo encontram-se todos em África: Madagáscar, Ruanda, Uganda, Burundi, Togo e Sudão do Sul.

 

A plantação de árvores é, pois, um grande passo no sentido de aliviar os efeitos das alterações climáticas. A reflorestação continua a ser uma das estratégias mais eficazes nesse sentido, diz o estudo do Crowther Lab. "Mapeámos a potencial cobertura florestal a nível mundial para mostrarmos que, com as atuais condições climáticas, poderíamos ter 4,4 mil milhões de hectares de cobertura florestal", sublinha.

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