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O dia 6 de Abril de 2011 lembrado pelas notícias do Negócios

6 de Abril de 2011 foi um dia louco, como se pode perceber no recordatório de notícias publicadas no Negócios nesse dia.

11 Março de 2011 – Governo apresenta PEC IV. Teixeira dos Santos anuncia reforço das medidas de consolidação orçamental ainda em 2011, como 'medida de precaução'. Três dias depois Sócrates convoca Conselho de Ministros depois do PSD ter dito que não apoia as medidas. E no dia 15 a Moody’s baixou 'rating' da dívida portuguesa em dois níveis de A1 para A3.
Miguel Baltazar
Negócios 06 de Abril de 2014 às 12:00
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O longo dia, de 6 de Abril de 2011, começou, como todos os outros, cedo no Negócios. Logo com um sinal de aviso. A banca, nas entrevistas dadas nos dias anteriores, deixava claro o que queria. Ajuda externa. O dia 6 de Abril era, também, dia de venda de títulos de dívida pública de Portugal. Tudo se conjugou.

 

A banca deixara já, nos dias anteriores, o seu aviso. "Banca avisa que crise agravada tira margem negocial a Portugal", titulava o Negócios.

 

Os avisos da banca continuaram pela manhã: "Presidente da APB considera "urgente" pedido de ajuda à Europa".

 

Ainda antes do leilão, outras vozes, desta feita de fora do País, continuavam a falar de ajuda externa: "Moody’s: Pedido de ajuda pode "desbloquear acesso a financiamento à banca". 

 

Até do FMI ecoavam declarações. "Situação de Portugal "está nas mãos do governo português".

 

O leilão

Perto das dez da manhã realizava-se o leilão da dívida pública. O Negócios titulou assim essa emissão: "Juros disparam em emissão de dívida de curto prazo". Emissão que mereceu, ainda durante a manhã, a reacção do Ministério das Finanças: Finanças: Taxas de juro mostram que "danos de rejeição do PEC são irreparáveis".

 

Ainda não havia pedido de ajuda e já muitas vozes reagiam a este leilão e pediam ajuda, publicamente, mesmo antes dela ser formalizada. João César das Neves: "Andámos a dançar na borda do vulcão e agora caímos lá dentro".

 

Medina Carreira: "No curto prazo é ver se não nos falta dinheiro para comer".

 

Cantiga Esteves:"Estamos muito perto do precipício e a dar passos em frente".

 

Negócios noticia pedido de ajuda

O dia foi todo de declarações sobre o que Portugal devia fazer. Mas quem ditava as regras falou por volta das seis da tarde. Teixeira dos Santos, ministro das Finanças à data, declarava ao Negócios que Portugal ia pedir ajuda.O Negócios escreveu em letra maiúscula:PORTUGAL VAI PEDIR AJUDA EXTERNA. É esta notícia que contém a entrevista a Teixeira dos Santos onde fazia a revelação.

 

A partir deste ponto não havia volta. O conselho de ministros ia fazer uma reunião extraordinária e José Sócrates falaria mais tarde ao país

 

Mesmo antes dessa declaração, começava-se a descodificar este pedido de ajuda: "Saiba o que quer dizer o ministro das Finanças com o pedido de ajuda".

 

E também houve, logo, reacções. Do presidente da CIP, António Saraiva, que declarou: "É o desfecho inevitável".Mais patrões. Empresários dos têxteis e a ajuda externa: "Não resta outra alternativa".

Do turismo: CTP - "Este era o único caminho possível".

 

Reacções de analistas. Filipe Silva, do Banco Carregosa, declarava: "Este pedido de ajuda externa vai ter impacto imediato no mercado de dívida".

 

E, logo que foi possível, de partidos. PCP: "O caminho passa por uma renegociação da dívida" e Bloco de Esquerda: pedido de ajuda vai "mergulhar o país numa recessão".

 

A Associação de Freguesias também não perdeu tempo: "Quem governa deve ter consciência dos erros que cometeu".

 

José Sócrates comunica decisão

 

Passava já das oito e meia da noite quando o então primeiro-ministro, José Sócrates, falou ao País e confirmou o pedido de ajuda

 

Já era oficial. O país ficou a saber. Todos e rejeição foram palavras que dominaram o discurso de Sócrates.

 

Durão Barroso, que lidera a Comissão Europeia, uma das entidades a quem o pedido de ajuda foi feito, garantiu: Pedido de ajuda será tratado "da forma mais expedita possível".

 

As reacções

 

Pedro Passos Coelho, que à época era o líder de oposição, desdramatizava: "Ajuda não deve ser encarada como um acto de desespero mas como um passo para o futuro".

 

A banca que tinha pressionado este desfecho falou, após o anúncio, pela primeira vez, pela voz do presidente do BPI, Fernando Ulrich que defendeu que acto do Governo é de "grande responsabilidade".

 

O presidente da Sonae, Paulo Azevedo, também desdramatizava: "Não é o fim do mundo".

 

Os partidos políticos mais à esquerda também voltaram a pronunciar-se. Bernardino Soares, do PCP, declarava: "Os portugueses têm o direito de decidir que não querem este caminho para o país" .

 

Heloísa Apolónia, d'Os Verdes, defendia que o primeiro-ministro estava "completamente desnorteado".

 

E o Bloco de Esquerda, ainda liderado por Francisco Louçã, denunciava cedências: Governo cedeu ao FMI "empurrado" pela banca.

 

Depois das reacções portuguesas, a leitura do pedido de ajuda por parte dos jornais estrangeiros: "Portugal rende-se".

 

O dia estava a acabar, mas começava-se a fazer as comparações e a questionar-se o futuro. A Irlanda e a Grécia já estavam sob ajuda externa. E aí, as primeiras medidas foram cortes nos salários, pensões e aumento de impostos, escrevia-se nesse dia como alerta para o que aí viria.

 

O que aí viria já se antecipava: austeridade. Mas como o Negócios explicou, no fecho deste dia louco, "primeiro chega o empréstimo da UE e FMI e só depois é negociada a austeridade".

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