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Porto solidário

Cinco empresas do Douro fizeram um vinho do Porto Branco cujo produto da venda reverte para a associação Bagos d´Ouro.

02 de Julho de 2016 às 13:00
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Por comparação com outros países, a realização de venda ou leilões de vinhos em Portugal, com destino a financiar instituições de solidariedade, é escassa. Isso não quer dizer que os portugueses sejam mais egoístas do que, por exemplo, os ingleses. Quer apenas dizer que por cá não existe a cultura do leilão com carácter regular. Em Inglaterra, certos leilões são instituições orgulhosas que ocorrem todos em datas certas. Em Portugal, é quando calha.

E calhou há dias que o Fórum de Enólogos e a Enoteca se juntaram para criar um Porto Branco cujo produto da venda reverte para a Bagos d'Ouro, a associação que promove a educação de crianças e jovens carenciados do Douro como forma de integração social no território.

Como se sabe, o Douro é uma das regiões mais pobres da Europa, situação chocante se tivermos em conta a riqueza produzida por via do vinho do Porto, dos vinhos DOC Douro e do turismo.

Em 2015, a Bagos d'Ouro apoiou 40 crianças, os irmãos e os pais daquelas, nos concelhos de Sabrosa, Alijó, São João da Pesqueira e Tabuaço, através de processos metodológicos dirigidos essencialmente ao percurso educativo das crianças. A associação não tem por objectivo financiar famílias carenciadas, mas melhorar as condições de ambiente familiar para que as crianças e os jovens desenvolvam o seu percurso escolar. Há casos de jovens que concluíram a licenciatura com o apoio da Bagos d'Ouro e outros que, com percursos escolares técnicos, estão inseridos no mercado de trabalho.

O Porto Branco Bagos d'Ouro 10 anos Edição Especial resulta da contribuição de cinco empresas de vinho do Porto (Andresen, Barão de Vilar, Ferreira, Niepoort e Grã Cruz). Cada uma arranjou um lote de vinhos com alguma idade (mais ou menos 10 anos) e depois os enólogos das respectivas empresas juntaram-se para fazer um lote final. De acordo com Álvaro van Zeller, o enólogo mais bem-disposto da nação, o lote fez-se com alguma facilidade porque "os vinhos tinham grande equilíbrio. Mais coisa menos coisa, cada casa contribuiu com um 1/5 para o vinho final."

A ideia de criar um Porto Branco e não um Vintage ou um Tawny com indicação de idade pareceu-nos muito bem porque estamos perante uma categoria de excelência, pouco consumida pelos portugueses. E mais. Um Porto Branco oferece diferentes perfis de vinho. Uns muito doces, outros secos e extra secos, além daqueles que - mais complexos - têm indicação de idade (10 e 20 anos) ou data de colheita.

Com tanta riqueza podemos consumi-los em diferentes momentos e com uma panóplia de pratos que não tem fim. Das amêndoas torradas à tarte de frutos secos, passando por peixes marinados, sopas de inspiração asiática ou gelados, o Porto Branco é um vinho com grande plasticidade. E, claro está, como aperitivo antes da refeição é um excelente substituto de bebidas com maior teor alcoólico.

Quando vemos o esforço das agências de comunicação e das empresas distribuidoras de bebidas na promoção de uma coisa chamada Vermute (é tipo uma infusão de vinhos sofríveis com ervas aromáticas e especiarias, valha-nos Deus) ficamos sem perceber por que razão as empresas de Gaia não desenvolvem estratégias de comunicação para promover o Porto Branco. Se calhar estão à espera que a moda do Vermute pegue para reagirem.

De maneira que quem comprar o vinho terá uma excelente experiência gastronómica e a satisfação de estar a contribuir para a felicidade de muitas famílias do Douro.


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