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Virgolino Faneca enumera os seus skills e pede um job a Asdrúbal

Virgolino escreve uma letter ao friend Asdrúbal para que este lhe oriente um job na sua start-up. E sugere que se celebre a contratação com uma rooftop sunset party.

07 de Outubro de 2016 às 17:00
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Dear Asdrúbal

Ainda pensei em enviar-te um e-mail ou fazer uma chamada em face time através do meu mobile, mas depois meditei e concluí que uma letter tradicional seria a melhor forma para tu avaliares, em consciência, os meus skills.

O goal desta minha letter é simples, quero que tu, na qualidade de distinto entrepreneur, me contrates para a tua start-up.

A verdade é que julgo ter o talent necessário para qualquer tipo de task que me queiras oferecer, porque estou sempre a par das trends mais actuais e sou assaz diligente na persecução de acções de networking, que por estes dias constituem um dos baluartes do management.

E perguntas tu, o que deu ao Virgolino, um asshole do cacete, para vir agora com esta lengalenga de que está update nestas áreas?

Acontece que, um destes dias, estava a fazer um game de strip poker com a Aniceta, fiz um refresh mental e percebi que os meus dias de hacker por conta própria estavam contados, até porque cada vez que fico nu ela palma-me também a carteira, e não podia continuar a viver dos loans dos meus pais. Ora, sendo um web addict, reúno pois um know-how assinalável para ser useful para a tua organização, que é pioneira em matéria de techs. Este é, sem dúvida, o timing correcto para eu mudar o meu lifestyle e conto contigo para me ajudares a fazeres o switch off de uma fase e o switch on de outra.

É pois neste sentido que venho oferecer os meus services e, caso tenhas reticências em contratar-me, lembro-te de que tu também já jogaste strip poker com a Aniceta e que tenho os vídeos arquivados no hardware do meu laptop. Presumo que tu não os queiras ver espalhados na net como um vírus, até porque isso levaria a que a tua namorada Vanda fizesse uma desagradável due diligence sobre o tema, pelo que desde já me considero um quadro da tua start-up.

E não. Não se trata de blackmail. Eu serei um key man para o teu business e poderei fazer da tua start-up uma brand à escala mundial, até porque adquiri um substantivo knowledge em matéria de management que ajudará a atingir esse target, sendo que o meu budget é relativamente acessível.

Logo de imediato, começarei por fazer uma série de brainstorms, actividade que nos colocará no mesmo mood, permitindo-nos colocar a start-up na senda do progresso disruptivo e determinar qual é, efectivamente, o nosso core business. Até já fiz trabalho de research, tendo seleccionado as outras start-ups que podemos usar como benchmarking para atingir esse desiderato, constituindo-se naquilo a que poderemos chamar, e desculpa o anglicismo, um turning point. A minha business intelligence é bulletproof, como podes confirmar junto do Armando do restaurante, onde continuo a almoçar alarvemente apesar de já ter uma conta calada de mais de um ano.

Aliás, disponho-me também a fazer os pitch necessários de forma a garantir a entrada de stakeholders que assegurem a robustez financeira da nossa start-up, ou para que possamos ir passar umas holidays do caneco nas Caraíbas à conta dos papalvos, concentrando-me no headhunting de raparigas disponíveis para fazerem empowerment connosco.

Finalmente, sugiro que celebremos a minha contratação com uma rooftop sunset party para o people da start-up perceber as vantagens das acções get together para a produtividade.

Esperando um rápido feedfback, despeço-me com um grande emoji.
Deste teu,

Virgolino Faneca

Quem é Virgolino FanecaVirgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.


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