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Série Escritoras Esquecidas: Fernanda de Castro

Marcou sucessivas gerações com os seus romances para crianças, como o “Maria da Lua”, e com a sua poesia influenciou e inspirou alguns dos poetas mais importantes do século XX, entre eles Ary dos Santos. Figura inesquecível dos saraus lisboetas, ainda é difícil separar o seu trabalho do regime do Estado Novo e da proximidade que tinha com Salazar
Susana Moreira Marques 25 de Fevereiro de 2023 às 11:00

1. É difícil definir o que torna uma pessoa extraordinária: os seus feitos? A sua personalidade? O impacto que causa nos outros? Os acontecimentos invulgares que vive? A maneira como se confronta com momentos históricos ou faz parte deles? O legado especial que deixa?

 

Fernanda de Castro cumpria todos os requisitos.

 

Foi uma das primeiras mulheres a afirmar-se de forma fulgurante na cena literária portuguesa, muito jovem, sem usar um pseudónimo nem nenhum subterfúgio. Foi uma mulher que fez história, tendo sido, por exemplo, uma das primeiras a tirar a carta de condução em Portugal.

 

Era carismática. As pessoas gravitavam em torno dela mesmo que não percebessem porquê. No fim da vida, continuava a dar-se com pessoas mais novas e nunca parecia ter muita idade, mesmo quando já estava confinada a uma cama.

 

Era talentosa. Escrevia poesia, romances, livros infantojuvenis e, apesar de não saber música, inventava e trauteava canções, fados. Traduziu para português Katherine Mansfield, Rilke, Maeterlinck e muitos outros. Editou uma revista em que contava com a colaboração de amigas artistas, como Sarah Affonso ou Inês Guerreiro.

 

Era corajosa. Era única, no sentido em que não procurava seguir modas.

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