Notícia
Laboratório em movimento
A imagem final é sempre um resultado de misturas. Pessoas, tecnologias, reflexões, vontades. O Temps D'Images aí está, como uma montra da experimentação, transformando a malha lisboeta.
David Cabecinha mistura-se entre o público, sentado no chão do escuro palco do teatro São Luiz. O estreante director artístico do Temps D'Images quer espreitar (uma vez mais) a obra que abre a 14.ª edição do festival.
Primeiro, as imagens filmadas. Depois, a luz - ela própria e em si própria - transformada em espectáculo. Os olhos sempre despertos perante a novidade. Embarca-se numa onírica tempestade criada pelo realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul.
É um dos quase trinta momentos que o Temps D'Images traz a Lisboa entre 27 de Outubro e 10 de Dezembro. Na bagagem de David Cabecinha vem também a experiência no teatro e no cinema ao longo dos últimos anos, como actor ou nos bastidores.
"Assumo o projecto como uma unidade: um espaço de criação e de apoio à experimentação, um laboratório da performance, no cruzamento com outras artes visuais". Aqui, o teatro, as instalações de vídeo, o cinema e os encontros com os artistas não se fecham em gavetas.
Em contacto permanente. No mesmo palco ou entre palcos. Por Lisboa. "Há uma noção geográfica de implementação pela cidade, tanto dos artistas como das propostas." São 14 salas: do São Luiz ao CCB, do Teatro da Trindade ao Maria Matos, passando pelos espaços mais alternativos.
Afirmar e dar notoriedade a um festival com uma malha tão grande não é tarefa fácil. "Tenho procurado que todos possamos sair beneficiados. Há uma generosidade das salas e um reconhecimento da validade do Temps D'Images. Percebem que pode ser mais interessante juntarem-se a um conjunto de programação que não fica só no seu espaço."
Também os criadores - 23 artistas e colectivos nesta edição - já se aperceberam da dinâmica. "Há muitas pessoas a enviar projectos por considerarem que esta é a plataforma que mais pode estar permeável a integrar o seu tipo de propostas."
David Cabecinha tem até novos talentos debaixo de olho para futuras edições. É preciso escolher e enquadrar. "A programação não é aleatória. Há uma ideia de dramaturgia." Tudo isto num contexto de criação que fala por si: poucos espaços, poucas condições de trabalho, redução de financiamentos.
Ao mesmo tempo, a produção cultural no país tem sido "tão fulgurosa num momento de crise", sem esquecer a qualidade. David Cabecinha chama-lhe uma reflexão interessante e "quase perversa": "Há um investimento pessoal muito grande. É impressionante a forma como os artistas se têm colocado em risco."
O Temps D'Images sabe que não é a solução, mas quer fazer parte dela. Como? Acolhendo, apoiando, orientando candidaturas e levando os projectos a outras localizações, inclusive além-fronteiras. "Há um trabalho muito discreto por parte da Dupla Cena, a produtora do festival. É muito subtil, mas faz a diferença na forma como as pessoas se apresentam e procuram os financiamentos adequados."
Neste festival - que não se sente, por agora, preparado para montar a mesma estrutura fora de Lisboa -, o financiamento é (quase) na totalidade público. Tem havido investidas para que as empresas se juntem como mecenas. "Até agora, não tiveram um resultado muito evidente além dos apoios pontuais."
"Vamos investir novamente numa tentativa de financiamento por mecenato. Este é um espaço de inovação e laboratório. Se o festival é uma montra dos artistas para a cidade, pode também ser uma montra para as próprias empresas. Há uma consistência ao longo de 13 anos que devia ser avaliada como grande força e garantia de qualidade."
O público tem sido crescente e já ronda as 13 mil pessoas por edição. David Cabecinha diz não ter objectivos definidos neste indicador. "Não é do número que estou à procura, mas da qualidade." Se ela estiver lá, o algarismo virá a seguir. Basta dar-lhe tempo e dedicação, bem ao jeito das próprias imagens.
Primeiro, as imagens filmadas. Depois, a luz - ela própria e em si própria - transformada em espectáculo. Os olhos sempre despertos perante a novidade. Embarca-se numa onírica tempestade criada pelo realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul.
"Assumo o projecto como uma unidade: um espaço de criação e de apoio à experimentação, um laboratório da performance, no cruzamento com outras artes visuais". Aqui, o teatro, as instalações de vídeo, o cinema e os encontros com os artistas não se fecham em gavetas.
Em contacto permanente. No mesmo palco ou entre palcos. Por Lisboa. "Há uma noção geográfica de implementação pela cidade, tanto dos artistas como das propostas." São 14 salas: do São Luiz ao CCB, do Teatro da Trindade ao Maria Matos, passando pelos espaços mais alternativos.
Afirmar e dar notoriedade a um festival com uma malha tão grande não é tarefa fácil. "Tenho procurado que todos possamos sair beneficiados. Há uma generosidade das salas e um reconhecimento da validade do Temps D'Images. Percebem que pode ser mais interessante juntarem-se a um conjunto de programação que não fica só no seu espaço."
Também os criadores - 23 artistas e colectivos nesta edição - já se aperceberam da dinâmica. "Há muitas pessoas a enviar projectos por considerarem que esta é a plataforma que mais pode estar permeável a integrar o seu tipo de propostas."
David Cabecinha tem até novos talentos debaixo de olho para futuras edições. É preciso escolher e enquadrar. "A programação não é aleatória. Há uma ideia de dramaturgia." Tudo isto num contexto de criação que fala por si: poucos espaços, poucas condições de trabalho, redução de financiamentos.
Ao mesmo tempo, a produção cultural no país tem sido "tão fulgurosa num momento de crise", sem esquecer a qualidade. David Cabecinha chama-lhe uma reflexão interessante e "quase perversa": "Há um investimento pessoal muito grande. É impressionante a forma como os artistas se têm colocado em risco."
O Temps D'Images sabe que não é a solução, mas quer fazer parte dela. Como? Acolhendo, apoiando, orientando candidaturas e levando os projectos a outras localizações, inclusive além-fronteiras. "Há um trabalho muito discreto por parte da Dupla Cena, a produtora do festival. É muito subtil, mas faz a diferença na forma como as pessoas se apresentam e procuram os financiamentos adequados."
Neste festival - que não se sente, por agora, preparado para montar a mesma estrutura fora de Lisboa -, o financiamento é (quase) na totalidade público. Tem havido investidas para que as empresas se juntem como mecenas. "Até agora, não tiveram um resultado muito evidente além dos apoios pontuais."
"Vamos investir novamente numa tentativa de financiamento por mecenato. Este é um espaço de inovação e laboratório. Se o festival é uma montra dos artistas para a cidade, pode também ser uma montra para as próprias empresas. Há uma consistência ao longo de 13 anos que devia ser avaliada como grande força e garantia de qualidade."
O público tem sido crescente e já ronda as 13 mil pessoas por edição. David Cabecinha diz não ter objectivos definidos neste indicador. "Não é do número que estou à procura, mas da qualidade." Se ela estiver lá, o algarismo virá a seguir. Basta dar-lhe tempo e dedicação, bem ao jeito das próprias imagens.
Uma sugestão por semana A voz humana
Este fim-de-semana, há um "drama do último encontro telefónico" com ópera no São Luiz Teatro Municipal.
Temps d'images em retrospectiva
O festival reflecte o seu percurso de 13 anos no Teatro da Trindade. O encontro é a 12 de Novembro.
Terrarium
De 18 a 20 de Novembro, no Espaço Alkantara, André Uerba apresenta o seu novo espectáculo.
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