Notícia
João Cutileiro: As pedras não respondem contra mim
O jardim está cheio de meninas de pedra. Lá dentro, retratos. Muitos. É uma casa-museu-vivo em Évora. O seu artificie é João Cutileiro, o escultor do erótico e do feminino. E de obras polémicas como o "D.Sebastião". Filho de médico das Nações Unidas, Cutileiro-menino viveu nos Açores, em Cabul, em Lisboa. Por sua casa, passava a chamada "intelligentsia", feita de mitos que também diziam asneiras. E o menino gostava. E o menino desenhava. "Passava horas no chão, de cu para o ar, a fazer popós de corrida, e cavalos. Estimularam-me, foi-me dado o grão-de-bico para eu comer e eu comi. Não se espantem que eu engordasse". Engordou, Lisboa pareceu-lhe inútil, foi para Londres, voltou para Portugal. Viveu em Lagos, vive em Évora. De ironia aguçada, diz coisas como: "é imperdoável que o Sócrates se tenha deixado apanhar. Pura estupidez. A direita é igualmente corrupta - o Sócrates só foi mais parvo". "Somos todos corruptos". "Somos preguiçosos e estamos velhos". "A crise poderá tornar-nos mais honestos". João Cutileiro acaba de participar, com 22 desenhos, no livro de poemas eróticos "O Bordel das Musas ou as Nove Donzelas Putas", de Claude Le Petit, versão portuguesa de Eugénia de Vasconcellos.
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Esta é a sua cadeira, o seu lugar na casa, a sua janela?
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