Passam agora 25 anos da transferência da soberania de Macau de Portugal para China. Decorrido este período, como classifica as relações entre os dois países?
As relações não se alteraram muito. Mas, se me fizesse a pergunta de outra maneira, e me questionasse sobre as diferenças que encontro agora em Macau face ao passado, aí eu responderia talvez de forma mais completa.
Já lá vamos. Mas, no plano institucional, como as avalia?
São boas a todos os níveis. A nível económico, certamente que são boas.
E existem diferenças substanciais entre a maneira de estar da China e de Portugal?
Às vezes é difícil compatibilizar essas duas maneiras de estar. Não há muito tempo, recebi aqui [na Fundação Oriente] uma delegação do Partido Comunista Chinês, que queria falar sobre a maneira como Portugal olhava para a China. Senti-me um pouco embaraçado, porque a Fundação está sempre numa situação um bocadinho difícil em termos de se exprimir livremente em relação a tudo o que se passa na China. Mas, pronto, fiz um esforço e avancei com uma conversa que durou quase duas horas com os membros do Partido Comunista Chinês, que eu nunca percebi. Eles entraram e saíram e nunca percebi porque vieram cá. Vieram e perguntaram-me uma série de coisas, coisas muito precisas sobre a Huawei e o facto de ter sido afastada da lista de fornecedores de 5G, e eu aí tive de lhes explicar que Portugal quer estar independente e que as pessoas dificilmente aceitam ser controladas. Achei interessante a conversa com eles e espero que eles tenham achado interessante a conversa comigo.