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António Zambujo: Estamos numa fase de falta de coragem política

Desde cedo que o alentejano António Zambujo percebeu a relação entre a música e o vinho. Depois das canções que compõe há muitos anos, agora surgem as garrafas. Com dois amigos, lançou três vinhos diferentes com nomes dos seus álbuns e abre, esta sexta-feira, a Adega da Zabele, em Vila de Frades, onde as conversas, o fado e o vinho se vão cruzar. Com um copo na mesa, fala-se de tudo - das memórias de Beja, da boémia lisboeta, de política ou da tropa que esteve quase a ganhar um sargento.
Augusto Freitas de Sousa e Pedro Catarino - Fotografia 15 de Setembro de 2023 às 11:00

Qual a razão para ter dado o nome dos seus álbuns "Outro Sentido", "Guia" e "Quinto" aos três vinhos que lançou?

Na verdade, a escolha dos nomes foi uma sugestão do meu amigo e sócio João Pedro Baião. Foi uma opção mais ou menos cronológica. No futuro, os vinhos que saírem terão o nome dos discos que se seguirem e serão necessariamente diferentes, tal como os álbuns.

 

Participou na escolha das castas e na vinificação nesta colheita de 2020?

Essa parte esteve mais à responsabilidade do meu amigo e também sócio, o enólogo Luís Leão. Obviamente, com a nossa aprovação.

 

Nos vinhos usam duas castas estrangeiras - Petit Verdot e Syrah. Onde fica a marca Vidigueira, de onde são os vinhos?

A identidade está essencialmente no terroir, nas uvas escolhidas e na forma como os vinhos foram feitos. Os vinhos foram pensados por mim, pelo João Pedro Baião e pelo Luís Leão, sentados a uma mesa num ambiente de tertúlia. É como uma relação de amor, não só à região. O objetivo é irmos aprofundando cada vez mais o conhecimento e fazermos um trabalho em conjunto para podermos aproximar o vinho da identidade da região. Há esta ligação do vinho e da música.

 

Tem exemplos dessa ligação?

Ainda agora estive no Dão e todos os jantares em que participei foram feitos em adegas com provas de vinhos. Tenho feito muitos concertos, desde o Douro ao Alentejo, que me têm feito despertar muito interesse por esta arte.

 

A caixa dos três vinhos custa 400 euros. Como chegaram a este valor?

Chegámos pelo valor do vinho, pela exclusividade e pelo número de garrafas disponíveis no mercado. São apenas mil caixas distribuídas pela Super Grapes, do Cláudio Martins. Entretanto, vão sair 600 garrafas magnum com dois vinhos diferentes, com o nome do primeiro e do segundo álbum. Um, possivelmente, ainda este ano e o outro no final do próximo ano.

 

Tem alguma expectativa de retorno financeiro?

Obviamente que sim, mas o objetivo principal não é esse. Quando entrei para a música percebi que esta iria ter um papel importante na minha vida. No entanto, não criei a expectativa de que vou ser um artista multimilionário. Mas, se as coisas correrem bem, tanto melhor. O objetivo é fazermos o melhor possível, ao gosto dos três sócios, que nos deixe contentes a nós e ao maior número de pessoas possível.

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