Existirão, certamente, alguns modos eficazes de aumentar a potência do mercado nacional de automóveis clássicos. O desafio coloca-se porque, como tem sido escrito aqui repetidamente nos últimos meses, o mercado global do sector não pára de crescer, se fizermos fé nos índices validados pelo mercado, como os do Haig, acessíveis em www.historicautomobilegroup.com.

Em termos muito simples, nos últimos anos os colossos do mercado - Ferrari, Porsche e Mercedes-Benz - continuam a ter uma enorme procura, o mesmo se registando para outras marcas, da Land Rover aos americanos pré-guerra, embora em valores mais modestos. No nosso país, parece não sentir-se esta tendência, o que é contraditório com uma série de factores. Antes de tudo, algumas das principais colecções portuguesas, e não são assim tão poucas, possuem vários exemplares de topo dos já referidos colossos, bem como de outras marcas. No entanto, quando são transaccionados, estes exemplares vão para o mercado global, graças aos bons ofícios de "dealers" não nacionais. Mas curiosamente e não menos paradoxal, a partir do nosso país operam também vários "dealers" conceituados a nível global, com liquidez para comprar e contactos internacionais para vender os carros, depois de recuperados e certificados.

Assim sendo, tendo aparentemente o mercado nacional todas as condições dos seus congéneres de topo, que razões têm engripado o sector e a movimentação dos bens? Aparentemente, segundo os especialistas, algum receio imaterial por parte dos agentes da oferta em darem o salto para o profissionalismo total. Antes de mais, aumentando a sua visibilidade, a dos veículos de que dispõem e garantindo um local e procedimentos de negócio estáveis. Depois, a existência de mecanismos regulares propícios ao encontro entre oferta e procura, como são os festivais ou os salões. É aqui que entra a importância do Cascais Classic Motorshow, a realizar no fim-de- semana de 17 e 18 de Setembro. O espectáculo, organizado pelo ACP, é aberto a todos os automóveis certificados, e garante tempo e lugar para todos os que estão interessados em ver e conhecer, operações sempre necessárias para investir em automóveis clássicos.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.