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Traders querem mais saúde e menos 90 minutos de bolsa
Os operadores de mercado na Europa querem diminuir as horas de trabalho das bolsas. Tudo em prol de uma melhoria na sua própria saúde e relações familiares. A Euronext considera o assunto “delicado”.
Com um horário de trabalho atual de oito horas e meia, os maiores compradores e vendedores europeus de ações acreditam que menos 90 minutos de sessão bolsista iria promover um mercado mais eficiente, ao mesmo tempo que daria resposta às preocupações com o equilíbrio entre a vida profissional e familiar dos trabalhadores e com a diversidade no setor.
Ao passar a abrir às 9h e fechar às 16h (horário de Londres, Lisboa e outras praças financeiras), em vez do horário atual (8h-16h30), o funcionamento das bolsas europeias estará a "refletir o impacto da tecnologia e a evolução dos padrões de negociação". A crença vem da Associação de Mercados Financeiros da Europa (AFME) e da Associação de Investidores (IA), numa carta enviada ao London Stock Exchange Group (LSE), noticia a Bloomerg.
"A negociação de ações arrisca-se a ficar atrasada em relação a um setor mais amplo de serviços financeiros que exerce pressão por maior diversidade e inclusão, a não ser que um dia mais curto de trabalho seja abordado por todo o setor", afirma April Day, director executivo da AFME.
"No mundo do mercado acionista, que opera sob forte pressão, a expectativa de longas horas dificulta a contratação de pessoas com compromissos familiares", pode ler-se na carta, que acrescenta o impacto na "saúde mental e bem-estar dos operadores". Além disso, defende, será uma ajuda para lidar com acusações de assédio sexual e de uma cultura machista.
"Atualmente, a primeira hora de negociação geralmente atrai pouca liquidez", sendo "um horário mais caro para operar, enquanto a última hora atrai cerca de 35% do volume diário total", pode ler-se na carta, que refere, ainda, que a alteração do horário iria concentrar a liquidez, o que significaria custos de negociação mais consistentes e mais tempo para as operadoras e o próprio mercado assimilarem e digerirem comunicados de empresas.
A corroborar a ideia de uma diminuição do dia de trabalho nas bolsas, e, portanto, do volume de negociações, David Schimmer, CEO do LSE, disse, recentemente, que os investidores estão cada vez mais à espera dos leilões de fim tarde para comprar e vender, em vez de negociarem ao longo do dia.
Um porta-voz do London Stock Exchange Group admitiu que a proposta iria ser avaliada entre membros e clientes. Também o CEO da Aquis Exchange, Alasdair Hayness, disse apoiar a iniciativa, mas que querem "ver evidências reais de que horas mais curtas irão melhorar os mercados".
A dona da bolsa lisboeta também já reagiu à proposta dizendo que se trata de um "assunto delicado".
Em declarações à Lusa, a Euronext mostra-se, no entanto, "disponível para iniciar um diálogo com todos os participantes no mercado".