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Por dentro do clube de traders mais elitista do mundo

Os membros, que têm as suas próprias empresas, obtêm um selo de aprovação para gerir produtos complexos que normalmente são reservados a instituições que administram centenas de milhões de dólares. Tudo sem chamar a atenção dos habituais milionários de Wall Street.

Bloomberg
05 de Maio de 2018 às 19:00
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Num sector onde o poder e a influência são medidos em dólares e cêntimos, este talvez seja o clube mais exclusivo do sector financeiro: o preço de admissão é de pelo menos 25 milhões de dólares.

O clube não tem nome, nem conselho de directores, e agrupa os mais ricos e bem-sucedidos traders do mundo. Os membros, que têm as suas próprias empresas, obtêm um selo de aprovação para gerir produtos complexos que normalmente são reservados a instituições que administram centenas de milhões de dólares. Tudo sem chamar a atenção dos habituais milionários de Wall Street.

 

O grupo está a ficar mais selectivo. Ninguém está a contar, mas pessoas do sector estimam que o total atingiu um pico de não mais que 3.000 há uma década e diminuiu consideravelmente desde a crise financeira. Após meses de entrevistas surgiram as identidades de apenas 12 indivíduos que ganharam o prémio: um Master Agreement da Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA).

 

Entre eles estão os titãs dos "hedge-funds", Chris Rokos e Michael Platt e gigantes do Deutsche Bank e do Goldman Sachs que se tornaram clientes de seus próprios empregadores.

 

No mercado de 542 biliões de dólares dos derivados negociados fora de bolsa, os acordos da ISDA estabelecem as condições de trading entre duas partes. Segundo o livro "A grande aposta", a adaptação feita por Adam McKay do livro "A jogada do século", de Michael Lewis, estes títulos representam "uma licença de caça" que permite que um investidor se sente na "mesa dos adultos e realize transacções de alto nível que não estão disponíveis para amadores estúpidos". As firmas que concedem essas licenças ganham acesso aos clientes mais desejados de todos.

 

"Os bancos fazem esse negócio porque podem cobrar duas ou três vezes mais que uma empresa", disse Manuel de Souza-Girão, antigo gestor de fortunas do Deutsche Bank e do Credit Suisse. "E é uma boa forma de atrair clientes valiosos."

 

 

Ou seja, pessoas como Rokos, de 47 anos, que tem um património líquido de 1,2 mil milhões de dólares, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O britânico, co-fundador da Brevan Howard Asset Management, que agora gere o seu próprio "hedge fund", foi pessoalmente contraparte dos acordos ISDA em 2013, quando montou uma "family office". Significa que o próprio Rokos estaria em apuros se as transacções dessem errado para ele.

 

Platt, de 49 anos, que dirige a BlueCrest Capital Management, também já teve um acordo ISDA pessoal, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. O património líquido de Platt é estimado em 2,9 mil milhões de dólares pelo Bloomberg Billionaires Index.

 

"Este não é um produto lançado para um trader médio que ganha entre 2 a 5 milhões de dólares por ano", disse Nelson Rangel, ex-trader de crédito que agora é director de investimentos da Raven Capital, uma firma de gestão de investimentos para indivíduos ricos. "É algo para traders famosos ou investidores com uma riqueza pessoal significativa que não teriam problemas em depositar grandes quantias como garantia."

Rokos preferiu não comentar esta reportagem e Platt não respondeu a vários e-mails com pedidos de comentário. 

 

Texto Original: Inside the World’s Most Elite (and Secret) Traders’ Club

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