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Os desafios para as ações da banca europeia em 2020

Os tópicos que dominaram o setor financeiro em 2019 devem manter-se no centro do palco: taxas de juro baixas, avaliações baixas, um ambiente regulatório duro, dados económicos fracos e perdas de postos de trabalho.

21 de Dezembro de 2019 às 18:00
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Os bancos europeus preparam-se para terminar o ano como um dos setores com pior desempenho da região – outra vez. E os investidores precisam de ter nervos de aço para 2020.

 

Os tópicos que dominaram a indústria em 2019 devem manter-se no centro do palco: taxas de juro baixas, avaliações baixas, um ambiente regulatório duro, dados económicos fracos e perdas de postos de trabalho.

 

Apesar de o ano terminar com sinais positivos do acordo comercial EUA-China e de um grande impulso para os bancos britânicos depois da vitória do partido de Boris Johnson, os analistas continuam bastante negativos em relação ao setor. O rácio entre as melhorias e os cortes de avaliações diminui para o nível mais baixo desde março de 2016.

 

As cinco coisas para acompanhar:

 

IMPACTO DO "TIERING" 

Os investidores vão querer ver se a erosão dos lucros devido às taxas de juro negativas está a ser mitigada pelo chamado "tiering". A medida tem o objetivo de aliviar os encargos dos bancos com os depósitos que fazem junto do Banco Central Europeu (BCE). Mas os analistas do Deutsche Bank não preveem grandes benefícios e estimam que o "tiering" melhore o resultado do Banco Santander em apenas 0,2%. Mesmo um banco mais sensível às taxas de juro, como o Bankia, poderá só sentir um aumento marginal de 1,3%.

 

O BCE está a começar a debater sobre os efeitos indesejados de um período prolongado das taxas de juro negativas e, com Christine Lagarde ao leme, uma mudança de direção tornou-se mais provável. Contudo o banco central não é conhecido por mudar de direção de forma brusca, o que significa que qualquer novo alívio poderá não surgir até à segunda metade do ano.

 

PARAÍSOS PERDIDOS 

Vários bancos que são considerados como paraísos dentro do setor estão entre as cotadas com piores desempenhos este ano. Swedbank cai mais de 30%, os Danske Bank 17% e o ABN Amro cede mais de 20%. E tudo pela mesma razão: falta de conhecimento dos seus clientes.

 

Relatos de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro, principalmente na região do Báltico, dominaram as notícias para os bancos nórdicos e causaram quebras nos seus estatutos de balanços sólidos com dividendos confiáveis. Espera-se que estes bancos gastem mais na melhoria dos seus processos de combate à lavagem de dinheiro e podem querer manter níveis de capital mais elevados para responderem a eventuais apertos na regulação.

 

REGULAÇÃO

Falando em regras mais duras, os novos padrões de Basileia, conhecido como Basileia IV, vão continuar a ser um vento contra. "Não antecipamos qualquer alívio das grelhas regulatórias sobre as posições de capital", salientou Jochen Schmitt, um analista do Bankhaus Metzler.

O Citigroup estima que os rácios dos bancos que acompanha vão manter-se nos níveis atuais nos próximos dois anos, uma vez que o capital gerado deverá ser ofuscado pelas necessidades regulatórias.

 

Mas, tendo em consideração os comentários do UniCredit este mês, os bancos devem conseguir gerir melhor as regras com uma redução de risco para os seus retornos.

 

Noutra frente, há esperança de progressos na construção da união bancária, um seguro de depósitos comum na União Europeia, que pode tornar mais provável fusões transfronteiriças. Por enquanto os gestores da banca permanecem cautelosos sobre este tópico depois de uma tentativa de fusão entre o Commerzbank e o Deutsche Bank ter falhado este ano por questões económicas, mostrando que mesmo um grande negócio doméstico não é desprovido de cérebro.

 

AUTO-AJUDA 

Os bancos europeus "parecem estar a negociar em níveis que não refletem as melhorias que fizeram em termos de capital e de fundamentais", realça Tomas Garcia, gestor de portefólio na MoraBanc Asset Management. Os analistas também argumentam que as ações podem brilhar com auto-ajuda, mesmo numa era de taxas de juro baixas por algum tempo.

 

O Unicredit, o maior banco italiano, cai nesta categoria com balanços fortes, enquanto outros bancos no país também lutaram por limpar as suas carteiras de crédito malparado. A tendência deverá ser para se manter este contexto, num período em que o controlo de custos se mantém como um campo de batalha.

 

Isto significa redução de postos de trabalho, com cortes anunciados pelos bancos este ano que já superam os 75 mil, e a sua quase totalidade é na Europa. O HSBC, o maior banco da região, deve implementar um corte de custos, simplificação da estrutura e fecho de áreas de negócio.

 

COMPRA DE AÇÕES PRÓPRIAS 

Pondo de parte todas estas questões, os bancos europeus continuam a ser considerados pagadores de dividendos decentes, com "yields" médias de 6%. Os bancos devolveram 57% dos seus lucros aos acionistas no último ano, sobretudo através do pagamento em dinheiro, mas, segundo o Goldman Sachs, a opção de comprar ações próprias pode tornar-se mais popular.

 

Um analista do Goldman Sachs diz que 14 dos bancos que segue estão "numa posição de total flexibilidade de capital".

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