Notícia
Operador norueguês abriu buraco de 100 milhões de euros no Nasdaq
Transaccionava contratos de electricidade, ganhando muito dinheiro com as apostas que fazia relativamente ao diferencial de preços nos mercados alemão e nórdico. Mas exagerou na dimensão da sua mais recente aplicação financeira. A luz apagou-se para este operador norueguês.
Um dos operadores mais bem sucedidos de sempre no mercado nórdico da electricidade foi impedido de negociar no Nasdaq depois de incorrer em avultadas perdas no início desta semana.
Einar Aas, que negoceia neste mercado há perto de 20 anos, assumiu uma posição bolsista demasiado grande em relação à liquidez no mercado, avançou o jornal norueguês Dagens Naeringsliv, citando uma declaração do operador. Depois de "oscilações de preço extraordinárias" nos contratos alemão e nórdico, Aas viu-se obrigado a pagar à bolsa o dinheiro que lhe restava. Esse montante não foi suficiente e na terça-feira foi-lhe nomeado um gestor de insolvência, no âmbito de um plano de recuperação.
A perda para o fundo de incumprimento do Nasdaq, que ajuda a garantir as transacções, ascende a 100 milhões de euros, anunciou a bolsa norte-americana, citada pelo Financial Times e Bloomberg.
Este fundo de estabilidade do Nasdaq garante a segurança dos derivados que são negociados nos mercados europeus de electricidade.
Ooh boy. Reclusive Norwegian millionaire trader Einar Aas has been clobbered by volatile energy priced, and has blown a €100m hole in Nasdaq’s Nordic power markethttps://t.co/xohotmClTt
— Robin Wigglesworth (@RobinWigg) 13 de setembro de 2018
Mas que factores contribuíram para este estoiro? O catalisador para esta perda bolsista foi o elevado preço das licenças de emissão de dióxido de carbono, a que se juntou o tempo mais húmido na região nórdica, explica o FT.
No acumulado deste ano, as licenças para emitir CO2 são a "commodity" com melhor desempenho, estando a ser uma fonte de grandes ganhos para os fundos de cobertura de risco e para os bancos de investimento.
A subida dos preços do carbono, que estão a negociar em máximos de uma década, acabou por impulsionar os mercados da electricidade e do gás natural na Europa Continental. Ao mesmo tempo, a previsão de tempo mais húmido do que o inicialmente antecipado para a região nórdica, onde a energia hidroeléctrica é das que mais contribui para o fornecimento de electricidade, acabou por fazer descer muito mais os preços no chamado mercado Nordpool. Foi a "tempestade perfeita".
#SCOOP His name is Einar Aas, one of Norway's wealthiest men.
— David Sheppard (@OilSheppard) 13 de setembro de 2018
And he's just blown a €100m hole in Nasdaq's emergency stability fund with a series of wrong-way bets in European energy markets.
Clearing house members are now on the hook. #ONGT #OOTThttps://t.co/bRyq3jEH9a pic.twitter.com/Z2BtrdW7FM
O Nasdaq não identificou directamente Einar Aas, mas anunciou que um operador foi expulso do seu mercado depois de as perdas da sua aposta no "spread" (diferencial) entre os preços alemães e nórdicos da electricidade terem superado os colaterais necessários para garantir essas transacções.
Em 2016, Aas - actualmente com 47 anos - foi o principal contribuinte da Noruega, depois de reportar rendimentos no valor de 833 milhões de coroas norueguesas (87,3 milhões de euros) e ter pago de impostos de 227 milhões de coroas (23,79 milhões de euros).
A carteira de aplicações Aas foi encerrada – contudo, uma vez que as perdas excedem aquilo que ele deixou de lado para o fundo de incumprimento do Nasdaq, os restantes membros serão agora chamados a avançar com parte do capital em falta, refere a Bloomberg.
"É triste ouvir isto. E é menos um grande operador no mercado", comentou à agência noticiosa o presidente da Nordic Association of Electricity Traders, Hermund Ulstein. O mercado terá agora de seguir em frente sem ele, acrescentou.
O Financial Times chama a atenção para o facto de esta operação ter acontecido numa altura em que se assinalam os 10 anos da queda do Lehman Brothers, salientando que este tipo de perdas tão avultadas coloca mais ênfase na necessidade de robustez dos padrões promovidos pelas autoridades reguladoras a nível global.