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Ações fantasma, “fat finger” e ofertas multimilionárias. Alguns dos maiores erros no mercado

Há vários casos de erros nas ordens de compra e venda de ativos. A maior parte são erros humanos, como alguém que deu ordens para comprar mais de 50% da Toyota. Conheça alguns episódios que mostram que ninguém é perfeito.

26 de Janeiro de 2019 às 15:00
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Após a queda de 83% das ações da Jardine Matheson Holdings, cotada em Singapura, na última quinta-feira, 24 de janeiro, os traders apontaram como o culpado mais provável um erro de digitação, conhecido como "fat finger".

 

As ações do conglomerado de 186 anos afundaram na negociação pré-mercado, recuperaram e acabaram por fechar 0,5% acima da cotação de fecho da sessão anterior. Um porta-voz da empresa disse que estava convencido de que tinha ocorrido um erro nas negociações eletrónicas. Inicialmente a Singapore Exchange disse estar a a investigar o declínio das ações. Tendo mais tarde revelado que não se tratou de um erro provocado por um "fat finger", ou por um erro de funcionamento no sistema. 

 

Apesar de não se ter confirmado a existência de um erro, o episódio foi o mais recente alerta aos investidores de que, com sistemas financeiros globais cada vez mais rápidos e complexos, as coisas ainda podem sair dos eixos rapidamente graças, em parte, a um simples erro humano.

 

Conheça alguns exemplos recentes que mostram que ninguém é perfeito, nem humanos, nem algoritmos de computadores:

 

Deutsche Bank e a transferência de 28 mil milhões 

O banco alemão Deutsche Bank transferiu acidentalmente 28 mil milhões de euros para uma das suas contas externas, noticiou a Bloomberg News em primeira mão em abril de 2018.

 

A transferência errónea ocorreu no âmbito de transações diárias de derivados do banco, segundo uma pessoa próxima do assunto. A soma excedeu por muito o montante que o banco deveria lançar e entrou numa conta da câmara de compensação Eurex, da Deutsche Boerse, ampliando temporariamente a garantia mantida pela quarta maior câmara de compensação do mundo em mais da metade.

 

Ação fantasma de 105 mil milhões de dólares  na Coreia 

Alguém da Samsung Securities, uma das maiores corretoras da Coreia do Sul, tentou pagar aos funcionários 1.000 wons (0,93 dólares) por ação em dividendos, segundo um plano de remuneração da empresa, mas em vez disso entregou-lhes 1.000 ações da empresa, avaliadas em cerca de 112,6 biliões de wons, mais de 30 vezes o valor de mercado da empresa.

 

A situação piorou quando 16 funcionários venderam as ações, estimulando uma queda de até 12% num espaço de minutos a 6 de abril, a maior queda desde a crise financeira global.

 

Desapareceram 3.000 milhões do BNP 

O BNP Paribas Securities foi responsabilizado por ordens erradas que, em março de 2018, eliminaram quase 10% do valor da Formosa Petrochemical, a terceira maior ação de Taiwan na altura, de acordo com um alto funcionário da bolsa da ilha. Foram eliminados cerca de três mil milhões de dólares de valor de mercado da Formosa como resultado de uma série de transações durante o leilão de fecho, que foram provocadas por uma falha no sistema do BNP, revelou um funcionário na altura.

 

Ouro não é refúgio 

Os negociantes de ouro foram sacudidos em junho de 2017 por um enorme aumento do volume dos contratos futuros em Nova Iorque, quando o valor de negociação subiu para 1,8 milhões de onças de ouro em apenas um minuto, uma quantia maior do que as reservas de ouro da Finlândia. Os futuros do ouro chegaram a cair 1,6% na Comex. Uma possível explicação: uma transação equivocada de 18.149 lotes de um contrato futuro, cerca de 100 vezes o tamanho de uma transação típica de 18.149 onças.


 

Negócio fantasma na Disney 

O volume de negociação da Walt Disney pareceu ter disparado durante um momento, em fevereiro de 2015, quando mais de 131 milhões de ações pareciam ter negociado de uma vez na bolsa de Nova Iorque, uma transação demasiado grande. Mas, na verdade, a operação nunca se realizou. O volume de negociação passou de 131,66 milhões de ações para um número bem menos mágico de 1,3166 milhões. A dimensão do negócio foi inicialmente reportada de forma incorreta, de acordo com uma fonte próxima do assunto.

 

O caso coincidiu com a apresentação de resultados, com as receitas e os lucros a superarem as estimativas dos analistas, graças às vendas de produtos relacionados com a "Frozen". As ações subiram perto de 8%, o maior ganho desde, pelo menos, 1974.

 

A oferta de 550 mil milhões 

Em outubro de 2014, alguém deu mais de 40 ordens que totalizaram 67,8 biliões de ienes (550 mil milhões de euros) fora do horário regular do mercado japonês – um valor superior ao valor da economia sueca na altura. As transações incluíam a oferta para comprar 57% das ações existentes da Toyota Motor e outras participações elevadas em cotadas japonesas como a Honda, a Canon, a Sony e a Nomura. As ordens foram canceladas antes de serem executadas.

 

Problemas nos contratos de opções do Goldman 

A confusão instalou-se entre os operadores em agosto de 2013, com os preços de derivados de ações a oscilarem sem razão. Alguns contratos negociavam a 26 dólares num minuto e no minuto a seguir desciam para 1 dólar.

 

O culpado foi o Goldman Sachs, que registou erros no software que levaram a que a empresa lançasse ordens não intencionais. Um sistema interno usado para ajudar os operadores a perceberem a procura do mercado produziu ordens inadvertidamente com limites de preço incorretos e lançava as ordens para as bolsas, revelou uma fonte próxima da situação.

 

UBS e a Capcom 

O grupo UBS revelou que a sua unidade japonesa deu ordens erradamente de três biliões de ienes (24 mil milhões de euros) em obrigações convertíveis da Capcom, em fevereiro 2009. A ordem foi 100 mil vezes superior ao pretendido, segundo o banco, que justificou a operação com um erro do sistema. A operação acabou por ser cancelada pela bolsa de Tóquio sem qualquer custo para o UBS.

 
Erro milionário da Mizuho 

Em dezembro de 2005, a Mizuho Securities ofereceu-se para vender 610 mil ações da agência de emprego J-Com por um iene cada título, em vez de oferecer uma ação por 610 mil ienes, algo que a empresa justificou com um erro de inserção de dados. Posteriormente, o regulador do mercado japonês deu ordens para que a Mizuho melhorasse o sistema de forma a prevenir que erros desta ordem se repetissem. O regulador considerou que a Mizuho também falhou em formar os operadores devidamente e não deu qualificações suficientes para que alguém supervisionasse este tipo de operações.

(Texto original: A Brief History of Some of the Market’s Worst Fat Fingers)

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