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São já mais de um milhão os imigrantes em situação regular em Portugal, volta a confirmar Pedro Portugal Gaspar, presidente da AIMA, durante a segunda conferência de sustentabilidade do Jornal de Negócios sobre "Educação, Imigração e Qualidade de Vida: Que caminhos?".
No evento, que decorreu esta quarta-feira na Católica Porto Business School, o líder da instituição recusou fazer um ponto de situação em relação ao número de processos pendentes, mas garante que "houve uma grande capacidade de resposta no atendimento" a migrantes – são agora cerca de seis mil atendimentos por dia.
"Em 2023, temos dados consolidados que apontam para cerca de um milhão e pouco de imigrantes regularizados, o que representa cerca de 10% da população", partilhou.
No debate dedicado ao tema "Imigração. Da economia à integração social", moderado pela jornalista Helena Garrido, o presidente da AIMA foi questionado sobre se é possível dizer que há "problemas" com determinadas nacionalidades. Pedro Portugal Gaspar não tem esses dados, embora considere que "o grande desafio na imigração é a integração".
"Mais de 50% da população imigrante é de países de língua oficial portuguesa. Poderá haver algumas nacionalidades que terão de fazer uma integração diferente", reconhece.
O país precisa de imigrantes como pão para a boca, uma realidade atestada por Pedro Afonso, CEO da Vinci Energies Portugal, que considera que a CPLP "é um bom set de países para ir buscar pessoas para trabalhar" porque a língua comum facilita a integração. Neste campo, o empresário não tem dúvidas de que as organizações devem contribuir para o acolhimento digno dos trabalhadores estrangeiros e adianta que, na instituição que lidera, foi decidido incluir a habitação como "custo para a empresa".
Sobre o fim da manifestação de interesse, acredita que "é um não tema para as empresas" desde que haja um contrato de trabalho associado que cumpra todos os requisitos legais. "Havendo um contrato, as entidades são relativamente céleres na regularização", confirma.
Tanto Braga como o Fundão são exemplos de como os municípios podem ter um papel importante no acolhimento e integração de quem chega ao país. "Oito em cada dez pessoas que chegam hoje ao nosso hub tecnológico não são nacionais", partilha Paulo Fernandes, autarca do Fundão que desde 2017 tem programas de integração em prática.
"Se Portugal for um exemplo no acolhimento vai tornar-se muito mais competitivo", assegura.
No berço das cerejas, contam-se cerca de quatro mil imigrantes que trabalham em sectores tão díspares quanto a agricultura ou o das tecnologias de informação. Para o sucesso, foi importante garantir a criação da figura de mediadores culturais.
Em Braga, a vereadora Olga Pereira também olha para os mediadores como uma mais-valia, mas acrescenta que, embora a população imigrante represente mais de 6% dos residentes, a cidade "é um exemplo de bom acolhimento". "Nos últimos dez anos, Braga tornou-se uma cidade bastante mais cosmopolita. Temos mais de 15 nacionalidades residentes", realça.
O ‘segredo’ do sucesso que todos procuram resume-se, consideram os oradores, à implementação de estratégias coesas, planeadas e integradas com outras respostas sociais.