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“Climate quitting”: Um terço dos trabalhadores jovens já rejeitou emprego com base nos compromissos ESG

Inquérito realizado no Reino Unido demonstra um claro interesse dos trabalhadores mais jovens por empresas com compromissos ambientais e sociais.

Negócios 26 de Janeiro de 2023 às 09:25
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Um em cada três trabalhadores com idade entre os 18 e os 24 anos já rejeitou uma oferta de emprego, com base nos compromissos ambientais, sociais e de governação (ESG, sigla em inglês) das empresas, revela um novo relatório realizado pela consultora KPMG no Reino Unido.

A nova pesquisa mostra que os fatores ESG estão a influenciar as decisões de emprego para quase metade dos trabalhadores de escritório do Reino Unido, com os millennials e os trabalhadores mais jovens a impulsionar a tendência crescente de "climate quitting" (desistência climática), procurando um emprego mais amigo do ambiente e socialmente responsável.

O inquérito foi realizado a cerca de seis mil trabalhadores de escritório adultos do Reino Unido, estudantes, aprendizes e a jovens que abandonaram o ensino superior nos últimos seis meses, questionando sobre as suas atitudes em relação ao trabalho.

Os resultados destacam que quase metade (46%) quer que a empresa para a qual trabalha demonstre compromissos ESG. Os que têm entre 25 e 34 anos são os mais propensos (55%) a avaliar os compromissos com o ESG do seu empregador, seguindo-se os que têm entre 18 e 24 anos (51%) e entre os 35 e 44 anos (48%).

Quando se trata de procurar um novo emprego, um em cada cinco inquiridos (20%) disse ter recusado um emprego porque os compromissos ESG da empresa não estavam de acordo com os seus valores, subindo para um em cada três no caso dos jovens entre os 18 e os 24 anos, como já referido.

Os valores partilhados são também uma consideração fundamental, com 82% a darem importância à capacidade de partilhar valores e objetivos com a organização para a qual trabalham. Mais uma vez, são os que se encontram entre os 18-44 anos aqueles que mais provavelmente concordam com esta questão, nomeadamente para 92% dos jovens entre os 18 e os 24 anos. Para os jovens entre os 25 e os 34 anos, a percentagem desde para 86% e para os trabalhadores com idades entre os 35 e os 44 anos desce para os 84%.

"Embora se estejam a fazer alguns progressos, é evidente, desde as recentes discussões da COP27, que há ainda um longo caminho a percorrer, se quisermos limitar os aumentos da temperatura global a 1,5ºC. Serão as gerações mais jovens que irão ver os maiores impactos se não conseguirmos atingir este objetivo, pelo que não é de surpreender que isto, e outras considerações relacionadas com o ESG, estejam na mente de muitos quando escolhem para quem vão trabalhar", afirma John McCalla-Leacy, responsável de ESG na KPMG no Reino Unido, em comunicado.

O estudo indica também que 30% dos trabalhadores faz pesquisa sobre os compromissos ESG de uma empresa quando procura um emprego, subindo para quase metade (45%) para aqueles que iniciam a carreira (18-24 anos).

O impacto ambiental (46%) e as políticas salariais (45%) foram as áreas-chave mais procuradas como parte do processo de recrutamento. "Para as empresas, a direção da viagem é clara. Até 2025, 75% da população ativa será millennial, o que significa que terão de ter planos credíveis para abordar o ESG se quiserem continuar a atrair e reter este crescente grupo de talentos", referiu o mesmo responsável.

De salientar ainda que 9% dos inquiridos estão ativamente à procura de um emprego ligado ao ESG, sendo os jovens entre os 18-24 anos os mais propensos (14%) a procurar um emprego ligado a estas áreas.

Dois terços (64%) dos trabalhadores de escritório admitem que existem indústrias para as quais se recusam trabalhar por razões éticas, mas um compromisso claro com o ESG mudaria a opinião de 37%.

 

 

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