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Ursula von der Leyen: “Modelo de crescimento centrado nos combustíveis fósseis está obsoleto”

Na conferência "Para além do crescimento", a presidente da Comissão Europeia sublinhou que não é possível crescer indefinidamente num planeta finito.

16 de Maio de 2023 às 08:30
Ursula von der Leyen
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A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, considera que a Europa deve migrar rapidamente para energias renováveis, pois "o modelo de crescimento centrado nos combustíveis fósseis está simplesmente obsoleto".

Na conferência "Para além do crescimento", que se realiza de 15 a 17 de maio, no Parlamento Europeu, e que reúne ONG, académicos e grupos políticos, von der Leyen sublinhou que "esta avaliação tem sido confirmada vezes sem conta. O recente relatório do IPCC é apenas o mais recente lembrete de que precisamos de descarbonizar as nossas economias o mais rapidamente possível".

No seu discurso na "Beyond Growth Conference", a presidente da CE recordou o relatório "Limites do Crescimento", publicado pelo Clube de Roma e por um grupo de investigadores do MIT, EUA, há 50 anos, que traçava a interação entre o crescimento da população, a economia e o ambiente e que ditava que era preciso parar o crescimento económico e populacional ou o planeta não aguentará.

Von der Leyen reforçou que é preciso apostar na economia circular e nas energias limpas, considerando esta ambição "um dos desafios económicos mais importantes dos nossos tempos".

Para tal, referiu o Pacto Ecológico Europeu como o plano para combater as alterações climáticas e tornar a Europa o primeiro continente com impacto neutro no clima. Mas "é também o nosso novo modelo de crescimento europeu para uma economia próspera, responsável e resiliente. É o nosso projeto para uma modernização sistemática da indústria europeia. Porque, a longo prazo, só uma economia sustentável pode ser uma economia forte. Só uma economia sustentável tem os recursos para investir num amanhã mais saudável e mais justo", defendeu.

Declarações feitas nesta segunda-feira, dia em que a Europa reviu em alta as previsões económicas da primavera. A economia europeia continua a demonstrar resiliência num contexto mundial difícil. A diminuição dos preços dos produtos energéticos, a atenuação das restrições da oferta e um forte mercado de trabalho contribuíram para um crescimento moderado no primeiro trimestre de 2023, dissipando os receios de uma recessão. Este início mais favorável do que previsto aumenta as perspetivas de crescimento económico para 1,0 % em 2023 (0,8 % nas previsões intercalares do inverno) e 1,7 % em 2024 (1,6 % no inverno).

Ursula von der Leyen recordou ainda no seu discurso que "a nossa economia social de mercado nunca teve exclusivamente a ver com o crescimento económico. Teve sempre a ver com o desenvolvimento humano". Pelo que a presidente da CE considera que "não temos de começar do zero. A nossa bússola neste esforço são os valores de longa data da economia social de mercado europeia".

No âmbito do Pacto Ecológico Europeu, acrescentou, "sempre nos esforçámos por conciliar o emprego com a proteção das pessoas mais frágeis das nossas sociedades. A inovação tecnológica com a neutralidade climática. E mantivemo-nos fiéis a esta abordagem, mesmo quando novas crises perturbaram a nossa vida quotidiana", referindo-se à pandemia e à guerra na Ucrânia.

Recodando que, mediante este último desafio, pela primeira vez na história, em 2022, a Europa produziu mais eletricidade a partir do sol e do vento do que do gás e do petróleo. "Enquanto as emissões de CO2 a nível mundial aumentaram 1%, na União Europeia, durante o ano de 2022, conseguimos reduzir as emissões em 2,5% - apesar da guerra. Esta é a prova viva: é possível reduzir as emissões e ter uma vida próspera. É possível".
 

Por fim, reforçou que "hoje, estamos a deixar para trás o modelo de crescimento baseado nos combustíveis fósseis" e "sabemos que o futuro dos nossos filhos não depende apenas dos indicadores do PIB, mas dos alicerces do mundo que construímos para eles".

 

 

 

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