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É consensual que a Europa está a liderar na transição para a sustentabilidade. Porém, tal acarreta muita regulamentação exigente que pode desviar o foco e o crescimento económico das empresas, alertou Stuart Kirk, colunista do Financial Times e ex-gestor de ativos do HSBC, na conferência dedicada à governação das empresas, a terceira do Ciclo de Conferências ESG do Negócios Sustentabilidade 20|30, que decorreu a 18 de janeiro, no Centro Cultural de Cascais. "Existe um risco real na Europa de sufocarmos empresas e gestores de ativos com demasiada regulamentação ESG." E tal pode continuar a favorecer as empresas dos EUA sobre as europeias, defendeu, recordando que só existem 10 empresas europeias entre as 100 primeiras melhores a nível mundial. O keynote speaker destacou que governos e reguladores devem ter esta questão bem presente e não devem, por isso, "tirar os olhos do fundamental", sob pena de condenarem as empresas ao fracasso.
Ou seja, ao cumprir os critérios ambientais, sociais e de governação (ESG, sigla em inglês), uma empresa não deve perder de vista o seu objetivo fundamental: o crescimento económico. "Para sermos sustentáveis temos de crescer mais", referiu o ex-gestor de ativos do HSBC, sublinhando que "nada do que existe em torno do ESG e da sustentabilidade pode ser resolvido sem dinheiro. O mais importante é garantir que a sua economia está a crescer e que as empresas são úteis, saudáveis e lucrativas. Só quando os fundos estão disponíveis é que todos os problemas que estamos a tentar resolver podem ser solucionados."
Stuart Kirk acredita que o caminho deve ser rumo à sustentabilidade, mas é crítico da subserviência ao ESG, que não dá espaço a visões divergentes. Critica também a falta de estandardização nas temáticas, na medida em que significam coisas diferentes para pessoas diferentes, o que pode causar inúmeros problemas. "A sustentabilidade no ESG é bastante nova, não há regras e ninguém sabe realmente a forma correta de a aplicar", salientou na conferência, acrescentando que "todos devemos abordá-la da forma correta, a partir dos mesmos princípios, como seres humanos inteligentes que somos, em vez de receber ordens de pessoas que abraçam árvores ou geram muita burocracia a partir de Bruxelas ou Frankfurt".
Ressaltou ainda a regulamentação que se aplica cada vez mais a empresas menores e também a dificuldade de ter de analisar o impacto da cadeia de valor no posicionamento sustentável da organização.
Porém, fora as críticas a algum "fundamentalismo" e excessiva regulamentação, o colunista destacou que a sustentabilidade é o caminho, seja para investidores, empresas ou bancos, até porque o mercado de ativos verdes está em amplo crescimento, há oito ou nove anos. "Estamos quase a aproximar-nos dos 60 biliões de dólares e todos sabem que o mercado global de ações é de cerca de 120 ou 130 biliões. Portanto, metade de todo o dinheiro de ativos no mundo conseguiu cumprir algum tipo de critério ESG."
Sublinha assim que todos os stakeholders se devem preocupar com o ESG. No caso de uma empresa, sobretudo se tiver de ir ao mercado angariar capital ou para recrutar talento, que cada vez mais procura também ver alinhadas as suas motivações com as da empresa para a qual vai trabalhar. E aconselha também a que as empresas estabeleçam prioridades, porque "não se pode mudar tudo no mundo" e que fujam do greenwashing. "É preciso ser muito, muito cuidadoso. Aconselho-vos a serem conservadores e não tentem enganar os números, não tentem dizer algo que não são", aconselhou.
O analista sublinhou, por fim, o papel fundamental das empresas na transição para um mundo mais sustentável, salientando que dois terços das pessoas trabalham para empresas e que questões de ordem ambiental e social podem ser resolvidas em grande parte dentro destas organizações. "As empresas desempenham um papel absolutamente crucial para tornar o mundo num lugar melhor. Não há qualquer dúvida quanto a isso", concluiu.
Ou seja, ao cumprir os critérios ambientais, sociais e de governação (ESG, sigla em inglês), uma empresa não deve perder de vista o seu objetivo fundamental: o crescimento económico. "Para sermos sustentáveis temos de crescer mais", referiu o ex-gestor de ativos do HSBC, sublinhando que "nada do que existe em torno do ESG e da sustentabilidade pode ser resolvido sem dinheiro. O mais importante é garantir que a sua economia está a crescer e que as empresas são úteis, saudáveis e lucrativas. Só quando os fundos estão disponíveis é que todos os problemas que estamos a tentar resolver podem ser solucionados."
Stuart Kirk acredita que o caminho deve ser rumo à sustentabilidade, mas é crítico da subserviência ao ESG, que não dá espaço a visões divergentes. Critica também a falta de estandardização nas temáticas, na medida em que significam coisas diferentes para pessoas diferentes, o que pode causar inúmeros problemas. "A sustentabilidade no ESG é bastante nova, não há regras e ninguém sabe realmente a forma correta de a aplicar", salientou na conferência, acrescentando que "todos devemos abordá-la da forma correta, a partir dos mesmos princípios, como seres humanos inteligentes que somos, em vez de receber ordens de pessoas que abraçam árvores ou geram muita burocracia a partir de Bruxelas ou Frankfurt".
Ressaltou ainda a regulamentação que se aplica cada vez mais a empresas menores e também a dificuldade de ter de analisar o impacto da cadeia de valor no posicionamento sustentável da organização.
Porém, fora as críticas a algum "fundamentalismo" e excessiva regulamentação, o colunista destacou que a sustentabilidade é o caminho, seja para investidores, empresas ou bancos, até porque o mercado de ativos verdes está em amplo crescimento, há oito ou nove anos. "Estamos quase a aproximar-nos dos 60 biliões de dólares e todos sabem que o mercado global de ações é de cerca de 120 ou 130 biliões. Portanto, metade de todo o dinheiro de ativos no mundo conseguiu cumprir algum tipo de critério ESG."
Sublinha assim que todos os stakeholders se devem preocupar com o ESG. No caso de uma empresa, sobretudo se tiver de ir ao mercado angariar capital ou para recrutar talento, que cada vez mais procura também ver alinhadas as suas motivações com as da empresa para a qual vai trabalhar. E aconselha também a que as empresas estabeleçam prioridades, porque "não se pode mudar tudo no mundo" e que fujam do greenwashing. "É preciso ser muito, muito cuidadoso. Aconselho-vos a serem conservadores e não tentem enganar os números, não tentem dizer algo que não são", aconselhou.
O analista sublinhou, por fim, o papel fundamental das empresas na transição para um mundo mais sustentável, salientando que dois terços das pessoas trabalham para empresas e que questões de ordem ambiental e social podem ser resolvidas em grande parte dentro destas organizações. "As empresas desempenham um papel absolutamente crucial para tornar o mundo num lugar melhor. Não há qualquer dúvida quanto a isso", concluiu.