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Margarida Corrêa de Aguiar: “O ESG tornou-se indissociável dos modelos de desenvolvimento das economias e sociedades”

Para a presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões,a transição para uma economia sustentável é desafiante a vários níveis e requer mais literacia de todos os stakeholders.

Sónia Santos Dias 26 de Janeiro de 2023 às 15:30
Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões Pedro Ferreira
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Os critérios ambientais, sociais e de governação estão a enraizar-se cada vez mais nas empresas, instituições, governos e na sociedade, com vista à transformação para um mundo melhor. Como keynote speaker na conferência do Negócios dedicada à governação das empresas, que decorreu a 18 de janeiro, no Centro Cultural de Cascais, Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), evidenciou que "o conjunto de objetivos ESG tornou-se indissociável dos modelos de desenvolvimento das economias e das sociedades". Com um foco mais no setor financeiro, a responsável destacou que "as considerações ambientais, das quais a face mais visível é até ao momento o combate às alterações climáticas, bem como os impactos sociais e os modelos de governação, tornaram-se fundamentais no planeamento e decisão ao longo da hierarquia e das cadeias de valor das atividades económicas e financeiras, bem como das políticas públicas".



Margarida Corrêa de Aguiar destacou o "papel fundamental" do setor financeiro nesta transição para uma economia sustentável, na medida em que este objetivo a longo prazo requer "recursos financeiros consideráveis". Caracterizou também como "desafiante" a promoção do novo paradigma económico que tem levado à produção de um quadro regulatório "abrangente e complexo e que exige uma adaptação dos vários intervenientes nos mercados financeiros, passando pelas autoridades de supervisão, operadores e consumidores".

São novas exigências que terão impacto na governação das empresas, designadamente a integração dos riscos de sustentabilidade no sistema de riscos das empresas de seguros e das entidades gestoras de fundos de pensões.

O conjunto de objetivos ESG tornou-se indissociável dos modelos de desenvolvimento das economias e das sociedades. Margarida Corrêa de Aguiar
Presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões
Numa palavra especial dedicada ao setor segurador, defendeu que este, perante os riscos climáticos crescentes de cheias, tempestades, secas ou incêndios, evidenciará o seu papel fundamental na sociedade como agente protetor. "Fruto destas coberturas, os agentes económicos, incluindo as famílias, podem ter as suas perdas decorrentes de eventos climáticos mitigadas, dotando-se assim a economia e a sociedade de resposta adicional face a este tipo de fenómenos."

A presidente da ASF evidenciou ser necessário promover a literacia e a sensibilidade relativamente aos temas relacionados com a sustentabilidade, considerando que "subsistem insuficiências generalizadas, tanto ao nível dos operadores, quer financeiros quer dos agentes económicos em geral, como ao nível dos consumidores, para identificar, compreender, comparar ou agregar as métricas climáticas mais apropriadas para cada tipo de uso". Salientou que as lacunas de informação existem a vários níveis, nomeadamente sobre as três dimensões da sustentabilidade, para efeitos de comparabilidade, na aferição da cadeia de valor, etc.

Num mundo que visivelmente tem cada vez mais eventos climáticos que podem provocar danos, Margarida Corrêa de Aguiar defendeu ainda que é necessário atuar numa lógica de prevenção. "É fundamental o investimento público e privado em mecanismos que mitiguem os custos da ocorrência de eventos climáticos por oposição à predominância de uma lógica primordialmente assente na cobertura financeira de danos", sublinhou.
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