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Em Portugal, mais de 8 em 10 organizações (82%) já identificaram e desenvolveram a sua estratégia ESG (ambiental, social e governação, sigla em inglês) ou planeiam fazê-lo. No entanto, 91% das mesmas carecem do talento necessário para implementar esses objetivos, revela um novo estudo desenvolvido pela ManPowerGroup junto de 40.700 empresas de 41 países e territórios.
O estudo ‘The Search for ESG Talent" (A procura por talentos ESG) conclui que, para responder à escassez de talento relacionada com o ESG, 45% das empresas em Portugal pretendem recrutar novos profissionais. Por outro lado, 41% pretendem dar novas competências (up-skill) aos seus trabalhadores e 24% consideram acrescentar novas responsabilidades ESG às funções atuais da sua equipa, com 23% a contarem ainda recorrer a consultores externos na matéria.
No que respeita às áreas para as quais as empresas pretendem recrutar, a de governance é referida por 38% dos empregadores nacionais, a de ambiente por 35% e a de impacto social por 33%.
Diz também o estudo que, em Portugal, o principal foco dos programas ESG centra-se no impacto social (36%) e o menos frequente relaciona-se com as questões de governo corporativo (10%). Embora o foco mais comum esteja n impacto social, as organizações têm prioridades muito semelhantes de contratação para as áreas de governance (38%), ambiental (35%) e social (33%).
No entanto, três das cinco principais funções ESG mais procuradas em 2023 estão ligadas ao impacto ambiental. Nomeadamente, 68% dos inquiridos a nível nacional referem cargos em ambiente, saúde e segurança, 44% relacionados com sustentabilidade corporativa e 38% com reciclagem ou gestão de resíduos. À lista das funções mais citadas, juntam-se ainda as de impacto social, como as relacionadas com saúde e bem-estar e com diversidade e inclusão, escolhidas por 49% e 35% dos empregadores, respetivamente. Por fim, em governance, os cargos dizem respeito a ética e compliance e à cibersegurança, ambos referidos por 24% das empresas.
A nível global, 78% das organizações já identificaram e desenvolveram a sua estratégia ESG ou planeiam fazê-lo. Mas aqui a percentagem das empresas que carece do talento necessário para implementar os seus objetivos sobe para 94%. Diz a análise global que 52% das empresas apostam também na reconversão de competências e 39% pretendem acrescentar novas responsabilidades ESG aos seus profissionais. Por sua vez, o número das que pretendem recrutar é de 41%.
Estes dados indicam que, na sua maioria, as organizações pretendem optar por contruir o talento internamente e acreditam que as iniciativas ESG podem ser realizadas pelas suas equipas atuais.
Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal, destaca que se espera por parte das organizações "uma maior atenção e recursos direcionados à ação ambiental, impacto social e governance, o que se reflete na necessidade de mudança e adaptação da própria da força de trabalho".
Segundo a International Labour Organization, a implementação do Acordo de Paris poderia significar a criação de até 18 milhões de postos de trabalho, até 2030, "dado que demonstra a urgência por encontrar e qualificar o talento para responder aos planos de redução de impacto ambiental das empresas, seja de forma interna ou externa às organizações", acrescenta Rui Teixeira.
Diz ainda o estudo que as entidades em Portugal se mostram cada vez mais preocupadas com esta temática, com apenas 6% das empresas a não pretenderem lançar uma estratégia ESG e não terem objetivos definidos, valor inferior ao global (11%).
Em Portugal, as empresas de grande dimensão são as mais avançadas neste tópico, com 21% a terem já desenvolvido estratégias e incluído os progressos ESG no seu relatório anual e 52% a terem objetivos ESG identificados e calculados.