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Em Portugal, a Região Autónoma dos Açores é aquela que acolhe o menor número de empregos verdes (cerca de 14%) em contraste com a região Norte de Portugal, que tem cerca de 23% de empregos dedicados à sustentabilidade, demonstra um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
O relatório "Colmatar a Grande Divisão Verde" salienta que, a nível global, a percentagem de trabalhadores em empregos verdes varia entre 5% e mais de 30%, com estes postos concentrados maioritariamente nas capitais e grandes cidades.
A Organização destaca também que a escassez de competências verdes está a travar o crescimento do emprego na área do desenvolvimento sustentável, pondo em risco a corrida para a neutralidade carbónica em 2050.
Também é referido que não há paridade de género nos empregos verdes em qualquer região dos 30 países da OCDE analisados, com mais de dois terços dos empregos verdes (71%) a serem ocupados por homens.
"A geografia da transição verde é desigual em toda a OCDE. Há uma convergência crescente entre países, mas uma divergência crescente dentro dos países na criação de oportunidades de emprego verde", disse o secretário-geral adjunto da OCDE, Yoshiki Takeuchi. "Colmatar esta divisão será vital se quisermos alcançar a neutralidade carbónica até 2050. Investir em competências e, com as mulheres também sub-representadas nos empregos verdes, combater os preconceitos de género pode abrir caminho para uma transição justa", acrescentou.
O estudo mostra a percentagem de trabalhadores em empregos verdes, definidos como empregos onde pelo menos 10% das tarefas apoiam diretamente o desenvolvimento sustentável. Este emprego cresceu apenas 2% em 30 países da OCDE, na última década, de 16%, em 2011, para 18%, em 2021, com diferenças significativas dentro dos países.
Capitais como Paris, Estocolmo e Vilnius têm normalmente uma maior concentração de trabalhadores altamente qualificados, com a percentagem de tarefas verdes a atingir os 30%. Em comparação, este valor pode ser tão baixo quanto 5% nas regiões mais remotas. Esta diferença corre o risco de exacerbar uma fratura social, destaca o relatório.
Em média, as regiões com menor PIB per capita dependem mais de empregos poluentes. A transição pode atingir mais duramente estes lugares, deixando-os mais para trás.
A transição verde também corre o risco de alargar o fosso entre os trabalhadores. Mais de metade dos trabalhadores em empregos verdes completaram o ensino superior, em comparação com cerca de um terço dos trabalhadores em empregos não verdes, e beneficiam de um acréscimo salarial de 20% em comparação com os empregos não verdes. As mulheres representam apenas 28% dos empregos verdes, refletindo a sua sub-representação em áreas-chave - menos de 25% dos licenciados em engenharia e menos de 20% em informática são mulheres.
A OCDE destaca que, sem uma ação urgente para impulsionar as competências, a transição verde pode aprofundar as desigualdades e ameaçar o progresso em direção aos objetivos de 2050.