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André Themudo: “Investidores vão querer sempre rentabilidade”

André Themudo considera que o mercado financeiro está a viver momentos de grande volatilidade, mas ao mesmo tempo está perante a maior oportunidade de investimento dos últimos 50 anos.

26 de Janeiro de 2023 às 17:30
André Themudo, responsável de Negócio em Portugal da BlackRock Pedro Ferreira
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O mundo está a viver tempos conturbados, com grande impacto no mercado financeiro. A invasão da Ucrânia pela Rússia, prestes a concluir um ano, realçou preocupações geopolíticas já espoletadas pela pandemia e abalou o mercado global tal como era conhecido, começou por contextualizar André Themudo, responsável de Negócio em Portugal da BlackRock, na conferência do Negócios sobre governação. Acresce o foco da Europa na transição e segurança energética, o aumento da inflação e a polarização das democracias em alguns países. "Há uma óbvia volatilidade nos mercados financeiros, fenómeno raramente visto nas últimas décadas, onde as duas principais classes de ativos, tanto obrigações como ações, tiveram caídas abruptas em 2022, com perdas de vinte e poucos por cento num caso e de 16% a 18% no outro. Portanto, houve em 2022 poucos sítios onde os investidores pudessem ter escondido ou protegido as suas carteiras de investimento", referiu o keynote speaker do painel "Produtos Financeiros ESG - Muita procura para pouca oferta?".



Os investidores querem perceber como se podem preparar para o risco climático e principalmente como podem capturar esta enorme oportunidade de investimento que vamos ter nas próximas décadas. André Themudo
Responsável de Negócio em Portugal da BlackRock
No meio de toda esta agitação, segundo André Themudo, sobressai o tema da sustentabilidade como o foco dos próximos anos e décadas. "Os investidores querem perceber como se podem preparar para o risco climático e principalmente como podem capturar esta enorme oportunidade de investimento que vamos ter nas próximas décadas", referiu. Mas defendeu que algo nunca mudou: "Os investidores querem, sempre quiseram e vão continuar a querer rentabilidade". Ou seja, "apesar de o mundo ter mudado, o objetivo do investidor mantém-se o mesmo, seja ele rentabilidade dos investimentos de curto prazo para comprar um carro, de longo prazo para assegurar a reforma, seja a procura constante de diversificação de fontes de rentabilidade, etc."

O keynote speaker salientou também, no contexto em que o mundo está a evoluir, que as empresas mais bem preparadas na área da sustentabilidade serão as que irão vencer no futuro. "A BlackRock não se centra no tema da sustentabilidade porque somos ecologistas ativistas. Nós centramo-nos no tema da sustentabilidade de uma maneira mais capitalista, porque achamos que no mundo onde estamos as empresas que mais bem preparadas estiverem para encarar os desafios do futuro serão aquelas que melhores desempenhos vão ter na valorização do preço das suas ações e das suas obrigações", defendeu.

O risco climático representa um risco de investimento equiparado a outros riscos, como pode ser risco de crédito, risco de duração, risco do país, risco de reputação entre outros riscos macroeconómicos ou financeiros. André Themudo
Responsável de Negócio em Portugal da BlackRock
Nesta lógica, referiu ainda que "o risco climático representa um risco de investimento equiparado a outros riscos, como pode ser risco de crédito, risco de duração, risco do país, risco de reputação entre outros riscos macroeconómicos ou financeiros. É mais uma peça no puzzle das nossas decisões de investimento como outra qualquer". Salientou, no entanto, que as alterações climáticas são cada vez mais frequentes e têm "um impacto muitas vezes material nos ativos financeiros em que investimos", pelo que estes riscos devem ser considerados.

A transição energética ordenada pode supor um aumento do PIB económico global nas próximas duas décadas de 25%. O que representa uma oportunidade de investimento de mais de 125 biliões de dólares até 2050. André Themudo
Responsável de Negócio em Portugal da BlackRock
André Themudo diz que é crescente o interesse por produtos com critérios de sustentabilidade, sobretudo por parte do investidor europeu motivado pela força da Europa para fazer face às alterações climáticas. "Estamos perante a maior oportunidade de investimento dos últimos 50 anos", explicando que, "a transição energética ordenada pode supor um aumento do PIB económico global nas próximas duas décadas de 25%. O que representa uma oportunidade de investimento de mais de 125 biliões de dólares até 2050. Portanto, a procura existe, é crescente, em muitos casos obrigatória, mas acima de tudo é inevitável."
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