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Abordagem ESG deve chegar à área comercial

BCSD Portugal apresenta tendências ESG para as empresas, onde destaca o aumento da pressão regulatória, do ativismo climático e das ações judiciais relacionadas com o greenwashing.

01 de Fevereiro de 2023 às 08:51
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A sustentabilidade deve deixar de ser uma preocupação exclusiva dos conselhos de administração e dos departamentos jurídicos para entrar na cultura da empresa e integrar sobretudo os departamentos comerciais. A ideia foi defendida por Ricardo Zózimo, professor auxiliar de Gestão na Nova SBE, no evento online sobre ‘Empresas Sustentáveis |Tendências ESG para 2023’, organizado recentemente pelo BCSD Portugal.

"Estas são as grandes tendências que temos visto nas empresas que estão mais à frente, porque para ser uma oportunidade o ESG [ambiental, social governação] tem de ir à parte comercial", referiu. E acrescentou: "Tem de haver negócio, as empresas não se vão tornar em associações de caridade. O foco deve estar nas oportunidades de negócio".  

O professor de gestão defendeu ainda que as empresas têm de mudar o seu mindset e passar de uma gestão focada em indicadores de desempenho (KPI, sigla em inglês) para se focarem no equilíbrio das componentes ESG, "sendo esta a grande oportunidade de 2023". Salientou ainda a gestão da água e do lixo como os grandes desafios ambientais das empresas nos próximos tempos e, a nível social, a gestão das condições de trabalho e dos direitos humanos. "Os trabalhadores não irão compreender se não houver este foco", alertou.

Filipa Pires de Almeida, diretora-adjunta do Center for Responsible Business and Leadership da Católica Lisbon School of Business & Economics, defendeu que o conceito ESG está incompleto, porque não abrange a parte económica. "Uma empresa pode ter ótimos critérios e medições ESG e depois não completar a parte da criação de valor fundamental para a sociedade, que é a parte económica".

Acrescentou também como grande desafio lidar com a falta de talento, na medida em que cada vez mais os colaboradores procuram identificar-se com os propósitos das empresas, entrando este argumento no mix de atrações para se fixarem numa empresa.

O ativismo climático é algo também em crescimento e ao qual as empresas não deverão ficar alheias, uma vez que, segundo o BCSD Portugal, os consumidores responsabilizarão as empresas perante atividades lesivas da sustentabilidade.

João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal, destacou que os investimentos ainda são avaliados pela sua capacidade de retorno económico-financeiro de curto prazo. Considerando que o atual sistema económico está "muito voltado para os sprints", Wengorovius Meneses defendeu que "a sustentabilidade e o ESG requerem métricas de longo prazo", pelo que "precisamos de uma nova ciência económica assente em novas métricas".

Perante as crescentes exigências regulatórias para reportar questões de sustentabilidade, é consensual que vai existir uma maior pressão sobre as empresas e investidores. Porém, aqui a tecnologia, sobretudo a inteligência artificial (IA), poderá ser uma ajuda para apurar resultados, desde que as empresas publiquem reportes de fácil leitura para a IA.

Fruto dos novos quadros regulatórios, prevê-se também o crescimento das ações judiciais relacionadas com a inação climática e com o greenwashing. 

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