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Stéphanie Schuitemaker: “Para atingirmos 100% de circularidade temos de colaborar”

Os Países Baixos distinguem-se pelos 25% de circularidade que já atingiram. Para Stéphanie Schuitemaker, esta é uma missão que exige muita colaboração, foco em objetivos específicos e uma gestão de recursos mais inteligente.

31 de Outubro de 2022 às 18:30
Stéphanie Schuitemaker: “Para atingirmos 100% de circularidade temos de colaborar”
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A taxa de circularidade no mundo está nos 8,6%, o que significa que de todos os materiais extraídos da natureza 91,4% acabam descartados como resíduos. Mas numa economia circular, "queremos manter 100% dos materiais na nossa economia e eliminar mesmo a necessidade de extração da natureza", começou por referir Stéphanie Schuitemaker, responsável de Comunicação da Holland Circular Hotspot e keynote speaker do painel "Economia Circular", na conferência dedicada ao ambiente do Ciclo de Conferências ESG do Negócios Sustentabilidade 20|30, que decorreu a 20 de outubro, na Estufa Real, em Lisboa.

Com uma taxa de circularidade de 25%, os Países Baixos estão no pelotão da frente da migração para a economia circular, mas a ambição, como revelou Stéphanie Schuitemaker, é atingir um marco histórico de 50% em 2030 e os 100% em 2050. "Para o mundo parece ser o pelotão da frente, e comparado com os 8,6% até pode ser, mas ainda temos um longo caminho a percorrer porque ainda pesamos 75%", sublinhou a keynote speaker.

A circularidade é uma mudança de sistema, não é uma simples mudança num modelo de negócio e necessita de toda a cadeia de valor envolvida. Stéphanie Schuitemaker
responsável de Comunicação da Holland Circular Hotspot
Apesar de estarem "bastante orgulhosos" da taxa já alcançada, Stéphanie Schuitemaker sublinha que atingir a circularidade não é algo que se consiga fazer sozinho. "A chave para atingir estes 25% é a colaboração e, para atingir os 100%, acreditamos que temos de colaborar dentro da cadeia de valor, mas também entre países e regiões".

O exemplo dos Países Baixos

O caso de sucesso dos Países Baixos "não surgiu do dia para a noite", tendo o país um historial de gestão de resíduos com 150 anos, que passou por várias fases e que desde 2016 se centrou na eliminação total do desperdício de matéria-prima. Uma das estratégias utilizadas foi a definição de objetivos concretos (50% em 2030 e 100% em 2050) e o foco em setores determinados. Schuitemaker explicou que o país escolheu cinco áreas prioritárias de intervenção (plástico, alimentos, indústria, construção e bens de consumo) relevantes para o país passar do sistema linear para o circular e com impacto em várias frentes. "Isto pode evidentemente ser diferente para cada país, mas ajudou-nos a manter o foco e, ao mesmo tempo, trabalhámos em intervenções para criar condições para a mudança, de forma a alcançar a circularidade", explicou. Isto porque "a circularidade é uma mudança de sistema, não é uma simples mudança num modelo de negócio e necessita de toda a cadeia de valor en volvida." Estas intervenções passam por libertar nova legislação, dar incentivos, recorrer à inovação, promover novos comportamentos, estabelecer colaboração internacional, etc.

Colaboração internacional

A colaboração internacional é precisamente a área em que a Holland Circular Hotspot mais intervém, nomeadamente ao ligar os quatro grandes stakeholders - governos e instituições públicas, academia, cidadãos e setor empresarial - para promover a transição.

"Precisamos que todos os stakeholders trabalhem em conjunto", frisou a responsável de comunicação, salientando que essa tem sido a chave para os Países Baixos irem à frente na circularidade e que por serem um país pequeno e com poucas matérias primas sempre tiveram de colaborar para fazer face às necessidades. "Precisamos de trabalhar em conjunto e precisamos de ser inteligentes quanto aos recursos e ao local de onde os obter", sublinhou.

Por fim, para além da urgência que a circularidade pede, Stéphanie Schuitemaker destacou também que existem muitas oportunidades de negócio à espreita e que já estão a acontecer.
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