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Selo sustentável brinda vinho português até 2022

As certificações sustentáveis estão cada vez mais a tornar-se um requisito na hora de vender no estrangeiro. A bem das exportações do vinho português, a ViniPortugal está a preparar com o IVV uma norma para a certificação nacional, que espera ter pronta em 2022.

27 de Janeiro de 2021 às 12:00
Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, alerta que “Portugal está um bocadinho atrás dos concorrentes”.
Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, alerta que “Portugal está um bocadinho atrás dos concorrentes”. DR
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Até hoje não existe uma certificação nacional que ateste a sustentabilidade dos vinhos portugueses, o que pode pô-los em desvantagem competitiva, sobretudo no estrangeiro. Mas o setor está atento e já está a preparar uma certificação: os primeiros selos de sustentabilidade de cariz nacional deverão chegar em 2022.

“Estamos agora a pegar nesse tema, em termos nacionais. No Instituto da Vinha e do Vinho e na ViniPortugal estamos a delinear os moldes em que este sistema vai avançar”, afirma o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão. Estas duas entidades estão a organizar-se para criar uma norma que sirva de guia no país, pelo que “este ano o setor dos vinhos vai ter de criar um sistema de sustentabilidade nacional, uma certificação nacional”, continua Falcão. “Até ao final de janeiro quero deixar tudo delineado para arrancar e, até ao final deste ano, quero um plano desenhado para os produtores se candidatarem e certificarem”, compromete-se. Cumprindo este calendário, em 2022 poderão surgir os primeiros selos de sustentabilidade.

A ideia é definir as regras que os produtores têm de seguir para se tornarem sustentáveis. Depois, empresas privadas autónomas, que estão creditadas para certificar, ficam encarregadas de verificar se os procedimentos estão a ser seguidos e se a certificação é merecida. Se os produtores cumprirem, podem usar o símbolo.

A urgência do selo

“A sustentabilidade é um tema que está completamente na ordem do dia, e é cada vez mais uma exigência da parte dos mercados e de quem compra vinhos para os vender”, assinala Frederico Falcão.

Os sinais de alarme começam a soar, com alguns países a tomarem medidas no sentido de condicionarem a venda de vinho de acordo com a sustentabilidade do produto. Na Finlândia, já só os vinhos que possuam uma certificação de âmbito nacional são reconhecidos como sustentáveis neste mercado. Na Holanda, há cadeias de supermercados que vão começar a exigir para o ano que os seus fornecedores de vinho tenham sistemas de sustentabilidade implementados. “e não tenho dúvidas de que muitos países se vão seguir”, vaticina o presidente da ViniPortugal. Na ótica de Falcão, “em Portugal ainda há muito pouca atenção por parte dos consumidores a este tipo de sistemas. Mas quando vamos para o Norte da Europa, Canadá, são países onde os consumidores já têm uma forte preocupação”.

A questão avoluma-se se se considerar que “Portugal está um bocadinho atrás dos concorrentes”, como é o caso de Espanha, Itália ou Estados Unidos. Portugal é o único que não tem um sistema de sustentabilidade à escala nacional, afirma o mesmo responsável. Paralelamente, considera que as exportações para os países que valorizam a sustentabilidade, como os nórdicos “são muito importantes” para os produtores nacionais. França é o maior importador de vinhos nacionais – de janeiro a novembro de 2020 representou 12,8% das importações – mas os Países Baixos contribuem com 5,4% e a Finlândia, Suécia e Noruega com fatias entre 1% e 3,5%.

Adaptação inicia-se com Alentejo muito à frente

A ViniPortugal diz que as várias regiões vinícolas nacionais estão interessadas em fazer um esforço conjunto e, na sua maioria, estão agora a mover-se nesse sentido. Estão na fase de diálogo com os produtores e vinicultores para que haja um levantamento das necessidades e se comece a trilhar um caminho.

Contudo, há uma clara exceção: “O Alentejo foi pioneiro, tem todo o mérito de ser pioneiro e a primeira região a preocupar-se para um assunto que hoje está na ordem do dia, mas há cinco anos não estava. Foi visionário.” Esta região já criou a sua própria certificação e tem vindo a capacitar os seus produtores e vinicultores para que sejam mais sustentáveis, um trabalho que já tem cerca de cinco anos. “Quando houver uma certificação claramente têm a vida facilitada. Será muito mais fácil depois adaptarem-se à norma nacional”, prevê Frederico Falcão.

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