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Preço é o principal obstáculo a comportamentos mais sustentáveis em Portugal

Estudo mostra que, por regra, o preço constitui o grande travão a comportamentos mais sustentáveis por parte dos portugueses. Na gestão gestão de resíduos, o principal obstáculo é a falta de serviços ou infraestruturas.

29 de Janeiro de 2022 às 20:00
Mais de 60% do lixo ainda vai para… o lixo
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É por ser "muito caro" que a maioria dos portugueses não adota comportamentos mais sustentáveis no dia-a-dia. É o que revela um estudo levado a cabo pela Deco Proteste e por organizações congéneres de 13 países.

Portugal surge a meio da tabela, com 50 num índice que vai de 0 a 100, à frente de países como Reino Unido ou Canadá, num ‘ranking’ liderado pela Áustria, seguida da França e da Eslovénia.

O estudo, realizado com base num inquérito e apoiado num painel de mais de 40 especialistas na área da sustentabilidade, cobre cinco grandes áreas: alimentação, viagens e mobilidade, água e energia, compra de produtos e serviços e, por fim, gestão de resíduos.

"Só na gestão de resíduos é que o preço não é o fator primordial", diz Elsa Agante, especialista para a área da energia e sustentabilidade da Deco ao Negócios, apontando que, neste caso, o principal entrave em Portugal (sinalizado por 53% dos inquiridos) prende-se com "a falta de serviços ou infraestruturas disponíveis, como ecopontos".

A gestão de resíduos constitui uma das três áreas que os portugueses entendem "mais revelantes em termo de comportamentos sustentáveis", a seguir à água e energia, num pódio que fecha com a alimentação.

No segmento da água e energia, o preço foi elencado como principal travão a comportamentos mais sustentáveis por 33% dos inquiridos, uma percentagem que sobe para 48% no caso da alimentação.

"Existe a ideia de que o que é sustentável é mais caro, mas nem sempre é verdade", pelo que tal acaba por estar "também um pouco aliado à falta de informação", que se impõe, aliás, como obstáculo transversal a todas as áreas alvo de análise.

Em termos práticos, se na água ou na energia, os consumidores retraem comportamentos sustentáveis por causa do preço de ferramentas ou de equipamentos mais eficientes, já no caso das viagens e mobilidade tal resulta designadamente dos custos associados à aquisição de um carro elétrico, em detrimento de um movido a combustíveis fósseis.

No campo da mobilidade, Elsa Agante dá também o exemplo das pessoas que até gostariam de se movimentar mais de bicicleta, mas que não têm acesso a ciclovias na zona onde vivem. Com efeito, a falta de serviços ou de infraestruturas aparece como o segundo maior obstáculo a comportamentos mais mais amigos do ambiente, tendo sido referido por 25% dos inquiridos.

A falta de opções sustentáveis também foi referida como o entrave, surgindo como o segundo maior no caso da alimentação (mencionado por 33% dos inquiridos) e o terceiro no plano da compra de produtos e serviços (25%) e na área da gestão de resíduos (15%).

O índice foi feito a partir de um inquérito online. Segundo a organização de defesa do consumidor, a amostra foi ponderada por género, idade, região e nível de escolaridade para "refletir as diferentes realidades nacionais". Ao todo, foram recolhidas 14.817 respostas, das quais 1.232 com origem em Portugal.

 

 

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