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Com o aumento dos riscos climáticos, a banca está já a considerar mais atributos na hora de atribuir créditos. "Os bancos estão bastante preocupados com o crédito novo. Em saber se as novas casas que estão a financiar têm eficiência energética, se as novas casas estão em sítios com riscos especiais, ou outra coisa do género", referiu Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na palestra proferida durante a reunião do Conselho Estratégico do Fórum ESG Negócios, realizada esta quarta-feira na Nova SBE, em Carcavelos, que contou com a presença de 63 dos 120 CEO que integram este fórum, composto por representantes de vários setores de atividade.
Paulo Macedo referiu que a banca já mapeou os seus riscos físicos, principalmente na parte das hipotecas, e que "a generalidade dos bancos tem hoje maiores provisões para fazer face a estes riscos", sublinhando que muitos destes riscos aumentaram 50% e outros 100% em apenas uma década.
No arranque da 5.ª edição da iniciativa Negócios Sustentabilidade 20|30, Paulo Macedo salientou ainda que a gestão de risco climático e a neutralidade carbónica estão no centro da preocupação das empresas, sobretudo em setores como a agricultura, a construção e a área automóvel.
"A parte do automóvel é onde as empresas estão a fazer mais o seu trabalho, onde se nota mais evolução, no entanto, é onde há mais atraso em termos de emissões de carbono".
Tendo em conta a pressão que o setor automóvel europeu tem sofrido perante a concorrência da China, o CEO da CGD mostrou-se, na generalidade, desfavorável a ajudas de Estado. "Eu não sou favorável a ajudas de Estado, exceto quando elas são para o reforço da competitividade", referiu. Paulo Macedo defendeu que "é preciso estarmos atentos", uma vez que existem discrepâncias não só com a China, mas também com os EUA. "Se nós compararmos os custos de energia da Europa com os dos Estados Unidos, chegamos a ter relações de um para quatro", tornando-se difícil "competir com estas discrepâncias". Assim, "acho que se tem que ficar atento em termos das políticas da União Europeia", reforçou.
Presidente Executivo da CGD
O gestor defendeu que "a banca precisa de ter carteiras de crédito saudáveis de empresas saudáveis" e que "a banca tem um papel a financiar a transição energética e um papel a mapear os riscos físicos". Para conhecer melhor a sua carteira empresarial, a CGD classifica, desde 2021, mais de 300 mil empresas com um rating de sustentabilidade assente em 20 indicadores, baseados em declarações fiscais e informação pública das empresas. "Não se utiliza este tipo de rating para penalizar, mas no sentido em que a CGD bonifica e faz acordos plurianuais e com condições mais vantajosas", garante.
Salientou ainda que é necessário qualificar mais os colaboradores e também os gestores, sublinhando que "há falta de reconhecimento das oportunidades" por parte dos dirigentes.
O CEO frisou também a pressão regulatória e as preferências dos colaboradores em trabalharem para empresas sustentáveis como outros fatores que estão a impulsionar as empresas a terem uma operação mais sustentável. Não esquecendo "o impacto muito concreto dos riscos climáticos".