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Os cinco erres. Reduzir, reutilizar, reciclar, recusar e reinventar

Os três erres são muito importantes e há muito a fazer sobre eles, contudo temos também de trabalhar no R da recusa, mas sobretudo do R da reinvenção, que é importante para a sustentabilidade.

23 de Outubro de 2020 às 15:00
João Wengorovius Meneses afirma ser necessário melhorar os índices de reciclagem.
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Os três erres de reduzir, reutilizar, reciclar são muito importantes, mas devem-se adicionar mais dois erres, começando pela redução e pela capacidade de diminuir os níveis atuais de consumo, mas em muitos outros casos existe a necessidade de inserir um erre que é o da recusa. "Há produtos, materiais e até certos estilos de vida, que temos de ter a coragem de recusar, em que não basta reduzir, mas tem de se ser um pouco mais radical, e recusar", afirma João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal.

A estes quatro erres adiciona ainda um erre, que considera o mais desafiante para as empresas, que é o R da Reinvenção. "Há muita coisa para fazer e atravessa o ecodesign, os novos materiais e novas soluções como a economia da partilha, do produto como serviço", e um mundo de novos negócios a desvendar.

João Wengorovius Meneses referiu também que em relação ao R da reciclagem disse que é importante, mas não pode ser "uma espécie de alívio de consciência para podermos consumir à vontade e com abundância. No dia internacional dos resíduos elétricos ficámos a saber que a meta europeia é 65% e Portugal está nos 26%".

Índices de reciclagem

Na sua opinião há vários caminhos de atuação. "Temos de melhorar os índices de reciclagem, sermos capazes de trabalhar na redução através de campanhas de sensibilização, de educação, introduzir produtos e subprodutos, simbioses industriais no mercado." Mas, para o secretário-geral do BCSD, as "capacidades de recusar e de reinventar abrem um espaço enorme à sustentabilidade, desde o design às novas formas, como a economia da partilha, do produto como serviço, em que não temos a posse do ativo mas sim o usufruto".

Em Portugal existe uma série de entropias que dificultam que seja um país mais circular. João Wengorovius Meneses deu como exemplo as regras de procurement, inclusivamente públicas, que não favorecem a economia circular, a inexistência de marketplaces que permitam potenciar as simbioses industriais ou a dificuldade em medir. Neste aspeto, revela que poderá estar para breve a produção, pelo INE, de uma série estatística de economia circular para que se tenha uma noção do índice de circularidade do próprio país, do financiamento da inovação para a economia circular.

João Wengorovius Meneses enfatizou que sem um marketplace é difícil "para qualquer setor saber que produtos, subprodutos ou resíduos estão disponíveis para que os possa utilizar como matéria-prima. Se quiser saber das toneladas de cascas de amêndoa produzidas todos os anos, ou outros produtos em fim de vida, como pneus para poder utilizar como matéria-prima de um novo produto que queira lançar no mercado, não há nenhum marketplace a que me possa dirigir e ter uma noção da oferta de resíduos e de subprodutos".
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