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As múltiplas crises que o mundo tem vindo a enfrentar estão a criar mais pobreza e desigualdades, fazendo chegar ao limiar da pobreza mais pessoas que precisam de apoio ao nível da alimentação, energia e na habitação. Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar, abriu o debate "A Ameaça da Pobreza e a Desigualdade", na conferência do Negócios dedicada ao desenvolvimento social, referindo que o presente aumento acelerado da inflação, com impacto nos bens alimentares, na energia e no aumento das taxas de juro "vem castigar um conjunto de famílias que vivem com muito pouco", na medida em que dificilmente conseguem suportar a subida de preços nos produtos essenciais. Uma situação que, prevê, irá agravar-se em 2023.
"Esta crise é diferente da crise da pandemia. A inflação é gradual e as famílias foram-se ajustando comprando menos com o mesmo rendimento". Acresce que, para Isabel Jonet, Portugal tem um "problema terrível", o da habitação, "porque o peso no rendimento das famílias aqui é muito elevado. Portanto, temos duas grandes rubricas, a alimentação e a habitação, que consomem grande parte do rendimento disponível das famílias". E como nesta crise existe o aumento destas duas parcelas, estamos perante "uma ameaça também para os remediados, que antes viviam com o seu rendimento equilibrado". Portanto "vamos ter mais famílias catapultadas para a pobreza estrutural em Portugal, que é muito severa". Isabel Jonet sublinhou que existe no país um problema de pobreza estrutural grande. Nomeadamente, muitas pessoas vivem com pensões de 180€, um milhão de pessoas vive com menos de 250€ por mês e cerca de dois milhões de pessoas vivem com menos de 450€ por mês.
Relativamente às medidas que têm vindo a ser implementadas para atenuar a pobreza, Isabel Jonet considera que "são balões de oxigénio de curto prazo, dão sinais errados às pessoas e não são geradoras de riqueza". Defendeu, por isso, que são precisas medidas estruturais de longo prazo que combatam efetivamente a pobreza que persiste em determinados grupos sociais. "Tem de haver uma clara alteração das políticas. É necessário investir na mudança de mentalidades e beneficiar as empresas para criarem mais e melhor emprego", defendeu.
Ao acompanhar o tema da pobreza em Portugal há cerca de 30 anos, a presidente do Banco Alimentar deu conta de que a pobreza de hoje é diferente desde essa altura, sublinhando que hoje os pobres têm mais escolaridade, mais bens de consumo, mas "sentem-se tão pobres quanto antes e essa perceção é estigmatizante".
Susana Peralta, professora da Nova SBE, trouxe para o debate a caracterização da pobreza e da desigualdade em Portugal, sublinhando que a inflação tem efeitos assimétricos nas famílias. "Cada família enfrenta a sua taxa de inflação", na medida em que nas famílias mais pobres os alimentos representam 20% do orçamento e nas famílias mais ricas esse peso desce para os 10%. E o mesmo padrão é quantificável nas áreas da energia e da habitação. Portanto, "esta crise inflacionista é profundamente desigual", referiu.
Susana Peralta salientou também a questão da pobreza no trabalho, pois "há uma percentagem elevada dos trabalhadores que nem sequer recebe o salário mínimo". E isto acontece porque "a própria regulamentação do salário mínimo deixa de fora as margens mais desprotegidas do mercado de trabalho, que não têm contratos de trabalho, são precários, falsos recibos verdes ou trabalham a tempo parcial". A professora defendeu também que, para além de a crise ser desigual, as políticas públicas não têm sido a mais adequadas e os apoios sociais não são suficientes.
Em representação do setor empresarial, Nádia Reis, diretora de Comunicação e Responsabilidade Social do Continente, deu conta do duplo papel que as empresas devem ter no combate a este flagelo. E tal passa por, no caso da distribuição, "conseguir criar condições para os clientes poderem ter acesso a uma proposta de valor o mais competitiva possível no acesso a bens alimentares e, por outro lado, também na componente de responsabilidade social enquanto empresa integrada numa sociedade".
Nádia Reis exemplificou as duas situações, que passam por trabalhar com fornecedores e criar campanhas promocionais no sentido de ajudar na aquisição dos cabazes. Do lado do apoio social, "a iniciativa Missão Continente funciona como um complemento às políticas públicas", dando apoio às comunidades em diversas áreas.
"Esta crise é diferente da crise da pandemia. A inflação é gradual e as famílias foram-se ajustando comprando menos com o mesmo rendimento". Acresce que, para Isabel Jonet, Portugal tem um "problema terrível", o da habitação, "porque o peso no rendimento das famílias aqui é muito elevado. Portanto, temos duas grandes rubricas, a alimentação e a habitação, que consomem grande parte do rendimento disponível das famílias". E como nesta crise existe o aumento destas duas parcelas, estamos perante "uma ameaça também para os remediados, que antes viviam com o seu rendimento equilibrado". Portanto "vamos ter mais famílias catapultadas para a pobreza estrutural em Portugal, que é muito severa". Isabel Jonet sublinhou que existe no país um problema de pobreza estrutural grande. Nomeadamente, muitas pessoas vivem com pensões de 180€, um milhão de pessoas vive com menos de 250€ por mês e cerca de dois milhões de pessoas vivem com menos de 450€ por mês.
Relativamente às medidas que têm vindo a ser implementadas para atenuar a pobreza, Isabel Jonet considera que "são balões de oxigénio de curto prazo, dão sinais errados às pessoas e não são geradoras de riqueza". Defendeu, por isso, que são precisas medidas estruturais de longo prazo que combatam efetivamente a pobreza que persiste em determinados grupos sociais. "Tem de haver uma clara alteração das políticas. É necessário investir na mudança de mentalidades e beneficiar as empresas para criarem mais e melhor emprego", defendeu.
Ao acompanhar o tema da pobreza em Portugal há cerca de 30 anos, a presidente do Banco Alimentar deu conta de que a pobreza de hoje é diferente desde essa altura, sublinhando que hoje os pobres têm mais escolaridade, mais bens de consumo, mas "sentem-se tão pobres quanto antes e essa perceção é estigmatizante".
Susana Peralta, professora da Nova SBE, trouxe para o debate a caracterização da pobreza e da desigualdade em Portugal, sublinhando que a inflação tem efeitos assimétricos nas famílias. "Cada família enfrenta a sua taxa de inflação", na medida em que nas famílias mais pobres os alimentos representam 20% do orçamento e nas famílias mais ricas esse peso desce para os 10%. E o mesmo padrão é quantificável nas áreas da energia e da habitação. Portanto, "esta crise inflacionista é profundamente desigual", referiu.
Susana Peralta salientou também a questão da pobreza no trabalho, pois "há uma percentagem elevada dos trabalhadores que nem sequer recebe o salário mínimo". E isto acontece porque "a própria regulamentação do salário mínimo deixa de fora as margens mais desprotegidas do mercado de trabalho, que não têm contratos de trabalho, são precários, falsos recibos verdes ou trabalham a tempo parcial". A professora defendeu também que, para além de a crise ser desigual, as políticas públicas não têm sido a mais adequadas e os apoios sociais não são suficientes.
Em representação do setor empresarial, Nádia Reis, diretora de Comunicação e Responsabilidade Social do Continente, deu conta do duplo papel que as empresas devem ter no combate a este flagelo. E tal passa por, no caso da distribuição, "conseguir criar condições para os clientes poderem ter acesso a uma proposta de valor o mais competitiva possível no acesso a bens alimentares e, por outro lado, também na componente de responsabilidade social enquanto empresa integrada numa sociedade".
Nádia Reis exemplificou as duas situações, que passam por trabalhar com fornecedores e criar campanhas promocionais no sentido de ajudar na aquisição dos cabazes. Do lado do apoio social, "a iniciativa Missão Continente funciona como um complemento às políticas públicas", dando apoio às comunidades em diversas áreas.