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Frans Timmermans: “Alguns dos grandes atores deste planeta estão a tentar recuar em relação ao que acordaram em Glasgow”

Na cerimónia de encerramento da Cimeira de Adaptação de África 2022, o vice-presidente da Comissão Europeia e líder do Pacto Ecológico Europeu destacou que África está na linha da frente de uma emergência climática que não criou.

06 de Setembro de 2022 às 10:31
Frans Timmermans na cerimónia de encerramento da Cimeira de Adaptação de África 2022
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O mundo tem fechado compromissos para combater globalmente a emergência climática, mas muitos protagonistas estão a recuar nessas prioridades, chamou a atenção Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia e líder do Pacto Ecológico Europeu, na cerimónia de encerramento da Cimeira de Adaptação de África 2022, que decorreu a 5 de setembro, em Roterdão, nos Países Baixos.

"Alguns dos grandes atores deste planeta estão a tentar recuar em relação ao que acordaram em Glasgow, no ano passado, e isso deverá ser um enorme ponto de preocupação para todos nós. E alguns deles, mesmo o maior emissor deste planeta, tentam esconder-se atrás dos países em desenvolvimento, usando argumentos que eu penso que a dada altura já não são viáveis se formos responsáveis por quase 30% das emissões", destacou Timmermans.

A Cimeira reuniu líderes de países, organizações internacionais, bancos, sector privado, sociedade civil, líderes juvenis e outros stakeholders, com o objetivo de aumentar a ambição na ação de adaptação do continente africano e preparar terreno para COP27, que vai decorrer no Egipto no próximo mês de novembro.


Timmermans destacou também que África está na linha da frente de uma emergência climática que não criou. "Ninguém nega que a crise climática é provocada pelo homem, mas uma das deslealdades desta crise é que aqueles que não tiveram qualquer papel na sua concretização estão a sofrer a maior parte das consequências desta crise climática. E África, obviamente, é um caso exemplar".

Duplicar esforços de adaptação

Por antecipação da COP27, a Cimeira concluiu que o mundo deve duplicar os esforços de adaptação ao clima para proteger África nesta grande luta mundial. Foram também anunciados mais 55 milhões de dólares de novos financiamentos, provenientes sobretudo do Reino Unido, Noruega, França e Dinamarca, para mobilizar mais de 5 mil milhões de dólares em projetos de ação de adaptação climática para África.

Os participantes concordaram também em cinco pontos essenciais para salvaguardar África, nomeadamente, que a comunidade internacional precisa de contar com as múltiplas crises económicas, climáticas e sanitárias que estão a pressionar este continente; que África é o continente mais vulnerável às consequências da crise climática; que é necessário duplicar o financiamento internacional para a adaptação até 2025; que a COP27 é a oportunidade para a comunidade internacional mostrar solidariedade com os "esforços ousados de adaptação" do continente africano e fechar a ação climática do Fundo Africano de Desenvolvimento; e que devem disponibilizar recursos para o Programa de Capitalização de Adaptação de África.

Patrick Verkooijen, CEO do Centro Global de Adaptação, salientou que "ninguém beneficia se África não conseguir combater [a crise climática]. As consequências climáticas em África não podem ser contidas, pelo que as ações de adaptação podem e devem ser escaladas a uma velocidade vertiginosa em todo o continente. O mundo tem de duplicar a ação de adaptação na Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima, no Egipto".

Como esforço coletivo, Frans Timmermans destacou a necessidade de levar o conhecimento e o investimento necessários a África, sobretudo levar a eletricidade a 600 milhões de africanos que hoje não têm acesso à energia. "Essa é a grande vantagem das energias renováveis nos dias de hoje. É barata, é acessível. É algo em que as empresas querem investir". Para isso, acrescentou, "precisamos de construir uma capacidade que não temos hoje, porque haverá uma enorme procura global de painéis solares, de turbinas eólicas, de toda a tecnologia de transmissão que é necessária. E precisamos de nos associar a África para garantir que o conhecimento é partilhado, a capacidade industrial é partilhada, os produtos primários são partilhados".

 

 

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