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Filipe Santos. “A Europa tem o balanço certo entre mercado e regulação”

O dean da Católica Lisbon School of Business and Economics recusa a ideia de que as políticas de igualdade, equidade e diversidade tenham caído em “exagero ideológico” em território europeu.

Mariline Alves
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O recuo nas políticas de diversidade, igualdade e equidade (DEI, na sigla em inglês) que se tem verificado em muitas empresas norte-americanas desde a eleição de Donald Trump é resulado da polarização crescente da sociedade. A conclusão é do debate "O futuro da diversidade, equidade e igualdade", durante a Conferência Governança organizada esta quarta-feira pelo Jornal de Negócios, em Cascais.

"A política DEI teve, talvez, algum exagero ideológico em que coisas que não eram racionais não permitiam debate e isso gera uma reação de repúdio das pessoas e uma reação extrema do outro lado", reconhece Filipe Santos. O dean da Católica Lisbon School of Business and Economics defende, porém, que é preciso saber "separar a espuma dos dias do que é essencial" quando o tema é a sustentabilidade.

Filipe Santos considera que "a Europa tem o balanço certo entre mercado e regulação" em matéria de igualdade e diversidade, uma ideia partilhada por Rafael Rocha, diretor-geral da CIP, que recusa a ideia de que exista uma maioria favorável ao recuo nestes temas. "Acho que há uma maior vocalização destas questões, mas [as pessoas que não concordavam] já lá estavam. Não creio que tenham aumentado de forma desmensurada", sublinha.

O efeito Trump, que Catarina Fernandes, diretora de Learning, Development & Inclusion da Sonae MC, classifica como "um ciclone tropical" para questões sociais ligadas à sustentabilidade. Se é verdade que o "contexto é muito desafiante", a responsável acredita que "é a coisa certa a fazer" e reforça mesmo o compromisso do grupo em relação a este tipo de políticas. "Na MC, seja na diversidade, seja na ação climática, não desviaremos um centímetro do que são os nossos valores", assegura, afirmando que a estratégia "está a ter resultados" positivos no negócio.

Filipe Santos acredita que, na generalidade dos casos, as empresas que "não acreditavam" na sustentabilidade e que "fazem greenwashing" estão hoje a "usar isto como desculpa para voltar atrás". Não é o caso da Allianz, bem pelo contrário. "Estamos a reforçar estas políticas. Não vemos que isso [alterações nos EUA] deva alterar em nada o nosso posicionamento nesta matéria porque não resultou de um equality washing", afirma o CFO Alexandre Scarlet.

No debate moderado pela jornalista Helena Garrido houve ainda tempo para discutir quais as áreas da diversidade e igualdade que podem sair mais feridas deste recuo que se verifica em muitas empresas nos EUA. "O tema da diversidade e igualdade de género não vai ter alteração. Acho que há temas novos que vão ter de entrar na agenda, nomeadamente a questão das etnias", perspetiva o dean da Católica. "A inclusão é difícil, mas compensa", reiterou. 

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