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António Casanova: “A pressão dos preços vai continuar”

Nos últimos dois anos a indústria acumulou 30% dos custos de produção que não conseguiu para os preços dos produtos.

20 de Abril de 2023 às 15:27
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"A pressão dos preços vai continuar", afirmou António Casanova, CEO da Unilever. O responsável explicou que a produção não conseguiu passar todo o aumento de custos em fatores de produção "por incapacidade de impor na negociação com a distribuição e porque houve uma retração de vendas tanto por falta de consumo como pela opção por produtos de marcas próprias".


Por sua vez, Amândio Santos, presidente da Portugal Foods, afirmou que nos últimos dois anos a indústria acumulou 30% dos custos de produção que não conseguiu passar para os preços dos produtos. Sublinhou ainda que a produção agro-industrial não conta apenas com os aumentos dos fatores de produção, como os fertilizantes, a energia, mas também os eventos climáticos. Deu o exemplo das fracas campanhas de azeitona deste ano que deverão ter implicações nos futuros preços do azeite.

"Somos um país de pobres", considerou Amândio Santos e deu como exemplo a substituição de uma "forma relevante" do consumo de fiambre por mortadela. "O retalho em Portugal é um setor de grande concorrência e competitividade mesmo ao nível europeu, e em que 50% das vendas são feitas em artigos de promoção", informou Isabel Barros, administradora executiva da MC-Continente.

A gestora considerou ainda que "a pressão de preços é enorme mas as rentabilidades da distribuição andam em torno dos 4%, e porque tem havido um aumento muito grande de eficiências, tanto operacionais como energéticas".

Isabel de Barros salientou que as marcas próprias têm hoje maior inovação e referiu o seu papel na nutrição com a redução dos teores de sal e açúcar nos seus produtos. "São toneladas que se retiram de uma forma gradual da dieta nutricional".

Amândio Santos assinalou as tendências de sustentabilidade e o seu impacto nas atividades agro-industriais, como a pecuária, em que há um menor consumo de carne, com uma boa parte dos jovens a mostrar-se reativa ao seu consumo. "Se um produtor não tiver em atenção a agricultura regenerativa, a cultura extensiva, o bem-estar animal, e outras práticas sustentáveis, mais tarde ou mais cedo vai estar fora do mercado".

António Casanova fez referência à lenta resposta do Estado em relação à reciclagem que os produtores e os distribuidores querem acelerar. "A reciclagem é um monopólio do Estado e as câmaras recebem uma remuneração pelo lixo em aterro, e se aumentar a reciclagem diminui as suas receitas com o lixo
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